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Linha Direta

Animosidade entre Obama e Netanyahu deve dificultar novo acordo de assistência americana a Israel

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O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, se encontra com o presidente americano, Barack Obama, em Washington, nesta segunda-feira (9), em um momento de tensão diplomática entre as duas nações e de violência cada vez maior entre israelenses e palestinos.

Foto de arquivo de visita de Benjamin Netanyahu à Casa Branca em 1° de outubro de 2014.
Foto de arquivo de visita de Benjamin Netanyahu à Casa Branca em 1° de outubro de 2014. Reuters/Kevin Lamarque
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Ligia Hougland, correspondente da RFI em Washington

É improvável que o encontro de hoje resulte em um novo acordo de mais assistência americana à defesa de Israel. Além disso, também já se sabe que Obama, agora mais experiente e calejado no final do seu segundo mandato, tem uma postura bem menos ambiciosa do que a que ele exibiu há seis anos no célebre e um tanto ingênuo discurso que fez na cidade do Cairo, quando falou sobre maneiras de israelenses e palestinos chegarem à paz.

O presidente americano agora sabe que a solução de paz de dois estados não é uma opção viável no futuro próximo. Ainda mais depois de Mahmoud Abbas, o líder da Autoridade Palestina, ter declarado na Assembleia Geral da ONU, em setembro, que os palestinos não estavam mais comprometidos com os Acordos de Paz de Oslo, promovidos na década de 90 pelo presidente Bill Clinton e assinados entre Israel e Palestina.

O encontro vai servir mais para fins de relações públicas, tanto para Netanyahu quanto para Obama. Os dois líderes tentarão demonstrar que apesar de não haver nenhum avanço concreto para a retomada das negociações de paz, eles não causaram tanto dano assim às relações bilaterais.

Judeus americanos estão decepcionados com Obama

Nos últimos anos, cada vez mais judeus americanos, que tradicionalmente se identificavam com o Partido Democrata, têm votado em candidatos republicanos. Eles acreditam que Obama traiu os interesses de Israel, e o acordo nuclear com o Irã só veio confirmar esse julgamento negativo, conforme a visão de muitos judeus americanos e simpatizantes de Israel.

O discurso veemente de Netanyahu no Congresso americano, em março, com a intenção de evitar que o acordo com o Irã fosse firmado, contribuiu com o clima de desavenças bipartidárias em Washington e enfureceu a Casa Branca. Mas, agora que o acordo já é uma realidade, o primeiro-ministro israelense chega à capital americana tendo que exercer bastante diplomacia.

Netanyahu vai tentar minimizar os comentários que seu porta-voz recém-nomeado, Ran Baratz, fez sobre o governo democrata nas redes sociais. Baratz acusou Obama ­de ser antissemita e ainda insultou a inteligência do secretário de Estado americano, John Kerry. Tanto Baratz quanto o governo de Israel já se desculparam pelos comentários. A nomeação do porta-voz ainda precisa ser oficialmente aprovada.

O atual clima de animosidade entre Israel e os Estados Unidos, e mais especificamente a Casa Branca, não deve mudar a curto prazo. Mas o relacionamento entre os dois países está fadado ao sucesso a longo prazo. As "trapalhadas" políticas não chegam a abalar uma aliança que é sólida, extremamente relevante, e que conta com o apoio da grande maioria da população dos dois países. Os candidatos à eleição presidencial americana de 2016 sabem disso, tanto que todos prometem reafirmar o compromisso dos Estados Unidos com Israel.

O primeiro-ministro israelense vem a Washington também, é claro, com a intenção de solidificar sua imagem em Israel e melhorar a imagem dele entre os judeus americanos, independentemente deles serem liberais ou democratas. Uma prova disso é que ele vai falar no conservador American Enterprise Institute e no liberal Center for American Progress.

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