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Linha Direta

Antes da COP 21, China e França anunciam acordo comum para pacto climático

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Em visita à China, o presidente francês, François Hollande, e seu homologo chinês, Xi Jinping, se comprometeram a trabalhar juntos em um acordo que os vincula juridicamente durante a próxima conferência das Nações Unidas sobre o clima em Paris, a COP21, prevista para o final de novembro. Hoje, a China é o país que mais polui no mundo e seu apoio é visto como essencial para o sucesso da conferência.  

Os presidente François Hollande, da França, e Xi Jinping, da China, diante de fotógrafos em Pequim, na China, em 2 de novembro de 2015.
Os presidente François Hollande, da França, e Xi Jinping, da China, diante de fotógrafos em Pequim, na China, em 2 de novembro de 2015. REUTERS/Jason Lee/Pool
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Luiza Duarte, correspondente da RFI Brasil em Hong Kong

A menos de um mês da grande conferência das Nações Unidas sobre o clima, a COP21, o presidente francês com esta visita à China lança um sinal claro de que não está poupando esforços para garantir a assinatura de um acordo significativo para conter a mudança climática.

A COP21 começa no dia 30 de novembro, em Paris, onde vão se reunir representantes de cerca de 193 países, dentre eles pelo menos 80 líderes mundiais. Costurar um acordo concreto para limitar o aumento da temperatura global abaixo de 2°C é primordial para garantir que o evento não seja uma derrota não só para os ativistas ambientais, mas especialmente para a França e para a diplomacia do governo de Hollande, que tem feito da COP21 um dos seus principais objetivos. Qualquer engajamento internacional para o clima só será efetivo com a participação da China. O presidente francês voltou a repetir durante a sua visita oficial ao país que a participação chinesa é “essencial”. O gigante asiático é responsável por 25% das emissões globais de gases do efeito estufa.

Hollande chegou a China na segunda-feira (2) com o objetivo de impulsionar as negociações e convencer o presidente chinês, Xi Jinping, a fazer parte de um compromisso sólido para o pacto climático. As trocas têm sido intensas. Essa é a segunda visita de Hollande à China. O primeiro-ministro francês, Manuel Valls, esteve no país no início do ano, enquanto a França recebeu em junho o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang. A China é acusada de ser a principal responsável pelo fracasso da conferência sobre o clima de Copenhague, em 2009, e isso é tudo que a França quer evitar.

Avanço conjunto

China e a França anunciaram um compromisso conjunto e concordaram em trabalhar para alcançar um acordo ambicioso “que os vincula juridicamente” na COP21. Hollande ressaltou qu,e com esta declaração, os dois país apresentam as condições que, em suas palavras, “permitem vislumbrar um sucesso". O presidente francês reforçou que acredita que "um acordo é agora possível", em Paris. O compromisso será acompanhado de mecanismos de monitoramento e a cada cinco anos os engajamentos serão revisados.

A declaração conjunta contém 21 pontos e afirma a "determinação [da China e da França] de trabalharem juntas" para o sucesso da conferência. O documento fala ainda do “princípio de responsabilidades comuns, mas diferenciadas" para conter o aquecimento global e da “tarifação do carbono”. Segundo o comunicado, "o desenvolvimento de um mercado de carbono na China constitui um passo importante, um sinal forte e encorajador".

Além do clima, a economia também foi ponto de interesse durante a visita. Hollande viajou acompanhado de cerca de 50 empresários. Os dois países assinaram um acordo de cooperação industrial para a reciclagem de resíduos nucleares avaliado em € 20 bilhões, o equivalente a mais de R$ 80 bilhões.

A França espera que o despertar da China para o “crescimento verde” atraia oportunidades de novos negócios no setor do desenvolvimento sustentável, como tecnologias verdes e energias renováveis. A China hoje é o segundo maior parceiro comercial da França.

Na quarta-feira (4), o presidente francês segue para a Coreia do Sul antes de encerrar seus compromissos na Ásia.

Compromissos com o pacto climático

Em setembro, a China assinou um compromisso comum com os Estados Unidos sobre a criação de um mercado nacional de créditos de carbono até 2017. Como parte da declaração entre os dois maiores responsáveis pelas emissões de gases poluentes, a China se engajou a disponibilizar 20 bilhões de iuans, cerca de R$12 bilhões, através de um fundo bilateral para ajudar os países em desenvolvimento a combater as alterações climáticas. No ano passado, chineses e americanos já haviam entrado em acordo para reduzir as emissões de gás de efeito estufa até 2030.

A China exerce influência sobre as posições dos países em desenvolvimento, muitos deles com estreitas relações econômicas e políticas com o governo de Xi Jinping. O país lidera o “grupo dos 77”, uma coalizão que reúne 133 países, incluindo todos os países em desenvolvimento. Boa parte dessas nações apontam as grandes potências como as principais responsáveis pelo aquecimento global e não querem ter seu crescimento econômico limitado por questões ambientais. A Índia é uma delas, o país, atualmente é o quarto maior emissor de gases poluentes e vem rejeitando os apelos internacionais para limitar o uso de carvão. A substância altamente poluente é vista pelo seu governo como primordial para manter o crescimento econômico, já que ocupa uma parcela importante de sua matriz energética.

Em março, a China, maior consumidor do mundo de carvão, se comprometeu a reduzir o seu uso nos próximos cinco anos e focar na eficiência energética, em nome da redução da poluição do ar.

 

 

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