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Linha Direta

Sínodo suspende várias proibições aos divorciados recasados

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Após três semanas de debates entre bispos do mundo inteiro, terminou domingo passado no Vaticano o Sínodo sobre as famílias. Eles trataram de temas como homossexuais, a comunhão aos divorciados que recasaram e outros.

Papa Francisco durante a missa de encerramento do Sínodo dos bispos sobre a família, em Roma, em 25 de outubro de 2015.
Papa Francisco durante a missa de encerramento do Sínodo dos bispos sobre a família, em Roma, em 25 de outubro de 2015. REUTERS/Alessandro Bianchi
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Gina Marques, correspondente da RFI em Roma

Houve uma abertura na Igreja, mas não um amplo avanço, pois a linha do papa Francisco passou por apenas um voto a mais da maioria necessária de dois terços dos 270 bispos participantes. A principal abertura foi em relação aos divorciados que voltaram a se casar.

No documento final, eles aprovaram a suspensão de várias proibições aos divorciados recasados, entre elas a de serem padrinhos de batismo e de casamento. Mas para autorizar o acesso aos sacramentos, como a comunhão e a confissão, os padres deixaram claro que é preciso analisar “caso a caso". Houve também um pequeno passo no sentido de uma Igreja mais acolhedora com os casais que vivem juntos e com os católicos em situação irregular.

Sobre os homossexuais, o documento reitera a posição de que os gays não podem ser discriminados, mas que não aceita o casamento de pessoas do mesmo sexo, como já se esperava. Lembramos que o relatório está nas mãos do papa. Agora ele pode decidir por um novo documento.

Conservadores e reformistas

Não houve acordo entre conservadores e reformistas para uma abertura ampla na Igreja. Para alguns bispos e cardeais conservadores, trata-se de um documento "confuso”, enquanto para outros, os chamados progressistas, o texto é "tímido". Em sua mensagem final, Francisco não parecia satisfeito e criticou os conservadores ao dizer que os líderes da Igreja devem enfrentar as questões sem medo e sem esconder a cabeça na areia.

Mas de modo geral, os participantes comentaram positivamente a discussão do assunto. Considere que foi a primeira vez que um papa deu a possibilidade aos bispos de debater um tema social. Nos sínodos dos pontífices antecessores não havia espaço para debates, e eram abordadas só questões relacionadas a assuntos dentro da Igreja. O sínodo extraordinário de Paulo VI em 1969 foi sobre as Conferências Episcopais, o de João Paulo II foi para aprofundar as conclusões do Concilio Vaticano II.

Agora foi acatado o pedido do papa Francisco a favor de uma instituição que pare de julgar e de condenar. O relatório decepcionou alguns, mas para a Igreja tratar temas como a homossexualidade é preciso considerar não só os valores do ocidente e sim países onde ainda existe uma perseguição aos cristãos.

Para muitos bispos, tratar do tema da homossexualidade em uma reunião dedicada à família significou uma anomalia, enquanto para outros, sobretudo africanos, asiáticos e médio orientais, o assunto continua sendo tabu.

Crise da família

Francisco acredita que a resposta da Igreja à crise da família não pode ser adiada. Foi uma longa fase de preparação. Começou em novembro 2013, ano em que ele foi eleito, quando foi preparado um questionário com 38 perguntas sobre a família e enviado a todas as dioceses do mundo.

As questões tratavam de temas existenciais: os divorciados que vivem uma nova união, a disseminação de casais unidos sem matrimônio, os casamentos entre pessoas do mesmo sexo e da sua eventual adoção de crianças, cônjuges de diferentes religiões, a família com um só genitor, a propagação da barriga de aluguel, o enfraquecimento ou a perda de fé no matrimônio e na confissão. A primeira parte dos debates foram no Sínodo Extraordinário em outubro de 2014, no qual os bispos elaboraram um instrumento de trabalho que foi concluído no sínodo deste ano.

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