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Linha Direta

Dilma faz declarações fortes sobre assuntos internos durante visita à Europa

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A presidente Dilma Rousseff está em giro pela Europa, mas o impacto de suas declarações se fez sentir com força no Brasil nos últimos dois dias. No domingo (18), em sua primeira entrevista a Estocolmo, a presidente tratou de debelar as especulações sobre um eventual pedido de demissão do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, garantindo-o no cargo, apesar das pressões que ele estaria sofrendo. Além disso, ela fez declarações fortes contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha.

Presidenta Dilma Rousseff e o presidente da República da Finlândia, Sauli Niinistö, posam para foto oficial. Helsinque-Finlândia, 20/10/2015.
Presidenta Dilma Rousseff e o presidente da República da Finlândia, Sauli Niinistö, posam para foto oficial. Helsinque-Finlândia, 20/10/2015. Foto: Roberto Stuckert Filho/PR
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Andrei Netto, enviado pelo O Estado de São Paulo, especial para a RFI

Dilma Rousseff foi dura ao afastar qualquer possibilidade de acordo com o presidente da Câmara, como se vinha especulando, e ainda fez questão de apontar a oposição ao seu governo como mais suscetível a um acordo. Na prática, Dilma pareceu empurrar Cunha para os braços da oposição, no momento em que o deputado é alvo das mais graves denúncias de corrupção no meio político nas últimas semanas.

A presidente ainda pareceu ter requintes de crueldade, como quando fez a declaração de que lamentava que Cunha fosse brasileiro. Tudo isso fez muita gente acreditar, e não só na Suécia e Finlândia, mas sobretudo em Brasília, que Dilma teria declarado guerra a Eduardo Cunha, pressionando por sua renúncia ou cassação.

Declaração de guerra?

Em conversa em off the record com ministros e assessores da presidência nos últimos dois dias eu lhes fiz exatamente essa pergunta. Todos me disseram que não, que não há declaração de guerra, e que no conselho político do governo a orientação é de que a relação siga nos termos atuais. Ou seja, fria mas sem hostilidades maiores.

Ainda em Estocolmo, a presidente também foi questionada na manhã de segunda-feira (19) por uma jornalista sueca sobre o processo de impeachment. A jornalista demonstrava preocupação sobre o rumo que o contrato entre o governo brasileiro e a Saab, fabricante dos caças Gripen NG, teria em caso de ruptura institucional no Brasil.

Para a economia da Suécia, este é um contrato muito importante, de US$ 4,5 bilhões. Dilma respondeu à pergunta mais uma vez com força, afirmando que "assegura" que não haverá "qualquer processo de ruptura institucional no Brasil". A presidente disse ainda não acreditar em "risco de crise política mais acentuada".

Dilma mais confiante

Se essas declarações tivessem sido feitas há algumas poucas semanas, talvez parecessem apenas uma tentativa de se auto-afirmar no momento em que ela estava mais ameaçada pelo impeachment, em especial quando da rejeição de suas pedaladas fiscais pelo Tribunal de Contas.

Mas, após o escândalo envolvendo Eduardo Cunha, e também após a decisão do STF, que na semana passada advertiu que o rito proposto pelo presidente da Câmara dos Deputados para o processo de impeachment pode ser bem mais complicado do que o esperado, as declarações acabaram fazendo parecer que Dilma está mais confiante no cargo.

Um assessor direto da presidência não quis dizer que a crise está superada, claro. Mas afirmou que seu objetivo imediato, além de estabilizar o governo, é buscar uma taxa de aprovação de dois dígitos, iniciando uma tentativa de retomada junto à opinião pública.

Transferência de tecnologia e o acordo de livre comércio com a Europa

Depois de tantas declarações políticas que causaram repercussão em Brasília, os assuntos internacionais da viagem parecem ter ficado em segundo plano. Mas pelo menos duas notícias importantes saíram dessa viagem até aqui.

A primeira é o início dos trabalhos de um grupo de 50 engenheiros brasileiros no projeto de construção dos caças Gripen NG, que equiparão a Força Aérea Brasileira a partir de 2019. É um ponto importante porque marca o início da transferência de tecnologia para o Brasil, um fator decisivo no contrato de US$ 4,5 bilhões firmado com a Saab e com o governo da Suécia. É importante para a indústria aeronáutica brasileira e também para vários setores que precisam de alta tecnologia para se desenvolver.

E outra notícia foi a informação que Dilma Rousseff deu sobre o acordo de livre comércio entre o Brasil e a União Europeia. Negociado desde o início dos anos 2000, o projeto já foi adiado e abandonado várias vezes, mas agora o governo brasileiro garante que trocará as propostas de redução de tarifas alfandegárias em uma data a ser definida entre 23 e 30 de novembro.

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