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Linha Direta

Confrontos em Jerusalém e Cisjordânia podem marcar início da terceira intifada

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Novos confrontos estouraram nesta segunda-feira (5) na Cisjordânia ocupada entre palestinos e as forças de ordem israelenses, que mataram um garoto de 13 anos em um campo de refugiados próximo de Belém. Este é o segundo jovem palestino morto em menos de 24 horas pelo exército, que endureceu as operações depois que quatro israelenses foram assassinados nos últimos dias. A escalada de violência na região e em Jerusalém Oriental levou a comunidade internacional a lançar apelos por contenção. Existe o temor de uma terceira intifada.

Um palestino ora em frente de uma barreira de policiais israelenses, perto do bairro árabe de Wadi al-Joz, em Jerusalém Oriental
Um palestino ora em frente de uma barreira de policiais israelenses, perto do bairro árabe de Wadi al-Joz, em Jerusalém Oriental REUTERS/Ammar Awad
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Com a colaboração de Daniela Kresch, correspondente da RFI em Tel Aviv

A polícia e o governo de Israel preferem evitar as referências aos levantes populares, que varreram a região em duas ocasiões diferentes. "A primeira intifada durou de 1987 até 1993 e foi marcada pelo lançamento de pedras por jovens mascarados, matando 160 israelenses", explica a correspondente da RFI Brasil em Tel Aviv, Daniela Kresch, acrescentando que "as reações militares de Israel mataram cerca de mil palestinos".

"A segunda intifada começou no ano 2000 e durou até 2005. Foi marcada por ataques terroristas palestinos em ônibus e restaurantes, matando mil israelenses. Nas vigorosas respostas do exército, cerca de 3 mil palestinos morreram. Em ambos os casos, analistas culparam os fracassos nas negociações de paz pelo afloramento da violência", conta.

Panela de pressão

Desde a invasão da Faixa de Gaza, no ano passado, pelo exército israelense, há um novo cenário de desesperança nas negociações de paz. Essa situação se agravou com as últimas eleições em Israel, que consagraram um governo de extrema-direita, do qual diversos ministros são abertamente contra um Estado palestino.

A isso tudo, soma-se uma falta de confiança generalizada dos palestinos na via diplomática, conforme as atenções da comunidade internacional voltam-se para outras causas no Oriente Médio, como o acordo nuclear com o Irã e o combate ao grupo Estado Islâmico.

Cada vez mais palestinos defendem, assim, uma solução armada para o conflito. Desde as festas judaicas que aumentaram as visitas de judeus ao Monte do Templo, um dos mais importantes locais sagrados para os muçulmanos, em Jerusalém Oriental, a situação se acirrou, criando um cenário sócio-político bastante parecido com os que antecederam as últimas intifadas.

Nova intifada

"Jornalistas e analistas já não hesitam em chamar o que está acontecendo de 'intifada'," explica Daniela Kresch. "Eles acreditam que o congelamento das negociações de paz leva à falta de esperança entre os palestinos. Mesmo que mais de 120 países já tenham reconhecido a Palestina como um país, na prática, grande parte da Cisjordânia e de Jerusalém Oriental continuam sendo controladas pelo exército israelense."

No domingo e na segunda-feira, o acesso de palestinos à Cidade Velha foi restrito, o que aumentou a revolta. Só estão autorizados a entrar na região moradores, lojistas e alunos de escolas. Daniela Kresch conta que "também foi limitada a entrada de fiéis muçulmanos na Esplanada das Mesquitas. Só homens com mais de 50 anos podem rezar no local. Mulheres de todas as idades estão liberadas".

De acordo com a correspondente, a "limitação já estava programada para diminuir a tensão em Jerusalém durante o feriado judaico de Simchat Torá, parte da chamada Festa dos Tabernáculo, mas foi encarada pelos palestinos como uma punição pelos recentes ataques dada a quantidade de policiais que foi deslocada para o local com o objetivo de fazer cumprir a diretriz".

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