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"A festa acabou no Brasil", diz Libération

A imprensa francesa volta a comentar a crise no Brasil nesta segunda-feira (5). O jornal Libération dedica duas páginas à degringolada da economia brasileira. A ilustração da matéria é uma imagem da presidente Dilma Rousseff de cabeça baixa, sob o título: "No Brasil, a festa acabou".

A presidente Dilma Rousseff, no dia 13 de agosto de 2015, em Brasília.
A presidente Dilma Rousseff, no dia 13 de agosto de 2015, em Brasília. REUTERS/Ueslei Marcelino
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"Depois da rica era Lula, é hora da ruína", diz o Libération, ressaltando que, após a posse da presidente Dilma Rousseff, em 2010, o crescimento emperrou no Brasil. A sétima economia mundial entrou em recessão, após um ano de estagnação. O círculo virtuoso iniciado pelo ex-presidente Lula, que conseguiu tirar 40 milhões de brasileiros da pobreza, acabou e foi substituído por um desemprego explosivo, destaca o jornal.

De agosto de 2014 a agosto de 2015, um milhão de brasileiros perderam o emprego, num processo que começou com a revelação do escândalo de corrupção na Petrobras. A taxa de desemprego, que era de 6,5%, passou a 8%. Libération questiona como o Brasil, uma estrela do Brics, o grupo de países emergentes com taxa de crescimento acelerado, caiu nesse buraco.

Ajuste

A queda dos preços das matérias-primas, principal fonte das exportações brasileiras e motor da economia, não é a única razão, segundo o Libération. Houve muita intervenção direta da presidente Dilma na economia e ela fez escolhas nem sempre acertadas. O texto cita, por exemplo, incentivos fiscais exagerados concedidos às empresas. Essa política diminuiu a arrecadação do Estado e agravou o déficit público. Os cortes no orçamento, necessários ao reequilíbrio das contas públicas, atingem os programas sociais do governo, lamenta um dirigente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) ouvido pela reportagem.

O diário francês entrevistou eleitores e opositores da presidente. Um aposentado afirma que Dilma mentiu sobre a situação da economia durante a campanha. Já uma eleitora da presidente, "pega de surpresa pela violência da crise, e que passou a comprar carne só uma vez por semana", acredita nas boas intenções de Dilma. "Ela foi surpreendida pela crise", diz a mulher.

Desconfiança e ressentimentos

Libération relata todos os problemas que os brasileiros estão enfrentando: inflação em alta, juros estratosféricos, insolvência, aumento de impostos, queda da atividade industrial, desemprego em massa.

Um dirigente da Confederação Nacional da Indústria (CNI) disse ao jornal que só a depreciação do real dá um alento aos industriais. Ele também reclama da falta de apoio da presidente Dilma ao ministro da Fazenda, Joaquim Levy, uma situação que alimenta o clima de desconfiança dos investidores. "Foi preciso a agência Standard and Poor's rebaixar a nota do Brasil para a presidente anunciar um plano de austeridade", escreve o Libération, questionando se Dilma conseguirá aplicá-lo.

Os cortes nas despesas do governo dependem de aprovação do Congresso. Dilma tenta reconstruir a aliança com o PMDB para aprovar as medidas. Mas, como diz um advogado entrevistado no calçadão da avenida Paulista, "o Congresso está cheio de bandidos, o que ela pode fazer?". A realidade é que a presidente só tem 8% de aprovação e é a chefe de Estado mais impopular do Brasil em 25 anos, conclui o Libération.

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