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Editor turístico lança primeiro guia grátis para refugiados na França

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Com a crise atual dos migrantes na Europa e o grande número de refugiados que entraram na França, surgiram diversas iniciativas particulares para ajudá-los, desde hospedar em casa uma família, doar roupas e alimentos, até mandar dinheiro para as associações que cuidam dos migrantes. Insatisfeito com a posição do governo, o editor Philippe Gloaguen decidiu ajudar da sua maneira: publicando um guia gratuito para os refugiados.

O editor Philippe Gloaguen mostra desenhos do Guia Routard para refugiados.
O editor Philippe Gloaguen mostra desenhos do Guia Routard para refugiados. LC
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O famoso guia turístico "Guie du Routard"  (Guia do Mochileiro, em tradução livre) decidiu dar a sua contribuição. Seu fundador, Philippe Gloaguen, lança em outubro o guia gratuito "Hello", somente com desenhos, para facilitar a vida dos estrangeiros que chegaram ao país e desconhecem o idioma e o funcionamento dos serviços básicos.

Na sede da publicação, em Paris, Philippe Gloaguen explicou por que decidiu fazer esse guia, em parceria com a agência de viagem "Voyageurs du Monde": "Esse guia nasceu depois da declaração do presidente Hollande que aceitará só 24 mil refugiados na França. Esse número não me convém. Vou lhe dar um fato histórico: em 1914, a França acolheu 1,5 milhão de refugiados belgas que fugiam do exército alemão na I Guerra Mundial, ou seja, 62 vezes mais do que hoje. Minha tendência é dizer que nossos avós eram 62 vezes mais corajosos do que François Hollande".

Sem palavras

Ilustração do Guia Routard dos refugiados.
Ilustração do Guia Routard dos refugiados. DR

O guia não tem texto nem palavras, somente desenhos que permitem aos refugiados compreender o que necessitam. "Falamos de internação em hospital, da carteira da Seguridade Social, desenhos do corpo para apontarem uma dor, se precisam de uma cadeira de rodas...", diz Gloaguen, lembrando que também há uma parte dedicada à alimentação, com desenhos de ovos, carne, frango, carneiro etc. As pessoas precisam apenas apontar o que precisam e isso facilita o trabalho das associações francesas encarregadas de ajudá-las.

Os cinco mil exemplares iniciais do guia para os refugiados vão ser distribuídos gratuitamente às 800 associações que acolhem os refugiados.

Centenas de desenhos

O guia é resultado de um trabalho conjunto do editor com ONGs e entidades de ajuda humanitária: "O trabalho de concepção da publicação começou em junho deste ano, quando encontrei diversas associações para saber as dúvidas dos refugiados. Eles têm problemas e dificuldades que nós, franceses, não conhecemos necessariamente; repertoriamos os principais problemas para tentar responder através dos desenhos. Depois de prontas, as imagens foram testadas com os migrantes para sabermos se respondiam às suas dúvidas. Foram centenas de desenhos que depois selecionamos e dividimos em cinco capítulos: hospedagem, alimentação, higiene e saúde, documentos e lazer, enfim, tudo o que puder ser útil para essas pobres pessoas que fogem de guerras e da miséria. Não tem nada a ver com caridade cristã, é simplesmente humanismo", diz Gloaguen.

O Guia Routard para Refugiados pode ser baixado gratuitamente.

Iniciativas similares

Em outros países da União Europeia, como a Alemanha, também foram lançadas iniciativas para apoiar os refugiados. O maior destaque fica para o aplicativo húngaro "InfoAid", que dá informações em tempo real: dos pontos de fronteiras fechados aos meios de transporte para se chegar ao lugar desejado. O aplicativo também fornece informações sobre como requerer o status de refugiado.

Curto prazo

Para Pierre Henry, diretor da ONG France Terre d'Asile, a ideia é boa mas não funciona a longo prazo. "É uma ideia interessante, que pode ajudar nos primeiros dias as pessoas que chegam e estão sem acompanhamento. Mas mesmo se a iniciativa é generosa, ela é pequena em relação à necessidade do acompanhamento global. Então eu acolho esse guia ilustrado com interesse, lembrando, porém, que rapidamente os refugiados precisam de um acompanhento físico e social especializado e a longo prazo", afirma Henry.
 

 

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