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Reportagem

Menos brasileiros emigram para países desenvolvidos, mostra OCDE

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O número de brasileiros que emigraram para os países desenvolvidos caiu quase pela metade na última década, de acordo com dados divulgados nesta terça-feira (22) pela OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico). Em seu 39º relatório Perspectivas das Migrações Internacionais, a entidade indica que o Brasil segue uma tendência verificada em outros países latino-americanos, como o México.

Tendência é imigração latino-americana em direção ao Brasil aumentar.
Tendência é imigração latino-americana em direção ao Brasil aumentar. Luis Vasquez/ Assempbol
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Ao apresentar o estudo, o secretário-geral da organização, Angel Gurría, explicou que a crise econômica nos países desenvolvidos fez com que caísse o fluxo de emigrantes vindos dos países emergentes. Jean-Christophe Dumont, diretor da Divisão de Migrações Internacionais, afirma que, por outro lado, a circulação dentro da América Latina se acentuou.

‘Percebemos um forte aumento da imigração no interior da América Latina e no Mercosul. É tão marcante, ou até mais, do que vimos no interior da União Europeia. É uma situação interessante”, avalia o coordenador do estudo. “Não são mais apenas os Estados Unidos que atraem: as migrações acontecem no interior do sub-continente latino-americano.”

O relatório da OCDE aponta que, em 2007, 108 mil cidadãos do Brasil se mudaram para um dos países-membros da OCDE. Em 2013, o número caiu para 58 mil. Neste período, enquanto os países desenvolvidos enfrentavam um quadro recessivo, o Brasil ainda registrava índices elevados de crescimento econômico.

Menos mexicanos nos EUA

Mudanças significativas também foram verificadas no México, um país que tradicionalmente tem um alto índice de emigração em direção aos Estados Unidos.

“As rotas migratórias não cessaram, mas os índices de mexicanos que emigram para os Estados Unidos estiveram próximos de zero e foram até negativos durante a crise”, esclarece. “Isso significa que houve um número equivalente de retornos e partidas.”

O relatório mostra que Brasil está entre as cinco nacionalidades que mais emigraram para Portugal, Irlanda, Japão e Luxemburgo. Em Portugal, 28% dos vistos de longa duração são para brasileiros. Ao mesmo tempo, o país europeu viu o número de imigrantes cair pela metade desde 2008. A crise também levou os portugueses a fazerem as malas para tentar o futuro no exterior, inclusive no Brasil.

“O Brasil é cada vez mais um país de imigração, principalmente para os portugueses, que enfrentam uma crise extremamente difícil e uma alta taxa de desemprego. Mas os portugueses não são os únicos: a economia brasileira é um fator de atração para imigrantes de outros países latino-americanos, que falam espanhol”, constata Dumont. “Se analisamos o tamanho da população brasileira, a imigração para o Brasil continua modesta, porém o aumento é uma tendência que observamos nos últimos anos.”

Integração pode render frutos

O secretário-geral da OCDE ressaltou a importância de os países acolhedores melhorarem as políticas de integração dos imigrantes. Gurría destacou que os incentivos para os estrangeiros aprenderem a língua do novo país são “fundamentais” para que eles comecem uma nova vida e possam contribuir para o desenvolvimento econômico.

O estudo ressalta que, em muitos casos no passado, as ondas migratórias trouxeram efeitos positivos nos países que souberam integrar os imigrantes. “O que vai fazer a imigração ser algo positivo sob o ponto de vista fiscal, social e ambiental é a qualidade do processo de integração. Se não nos esforçamos nisso, não poderemos ter bons resultados”, sublinhou Gurría.

A OCDE destacou que o aumento do fluxo migratório ao redor do globo é um fenômeno que não vai se desacelerar tão cedo. O documento indica que a maioria das movimentações acontece dentro do espaço Schengen, de livre circulação na União Europeia.
 

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