Acessar o conteúdo principal
Linha Direta

Novo líder do Partido Trabalhista britânico conquista 20 mil militantes em três dias

Publicado em:

O novo líder do Partido Trabalhista britânico, Jeremy Corbyn, continua causando polêmica três dias depois de ter sido eleito para o cargo. Na segunda-feira (14), ele anunciou a nova formação do gabinete paralelo, que é reconhecido pelo sistema democrático do Reino Unido e tem a função de monitorar as políticas do governo conservador.

O novo líder do Partido Trabalhista britânico, Jeremy Corbyn, faz hoje seu primeiro discurso diante da Confederação Sindical Britânica.
O novo líder do Partido Trabalhista britânico, Jeremy Corbyn, faz hoje seu primeiro discurso diante da Confederação Sindical Britânica. REUTERS/Neil Hall
Publicidade

Maria Luisa Cavalcanti, correspondente da RFI em Londres

O Reino Unido parece que ainda está absorvendo a surpreendente vitória de Jeremy Corbyn para ser o líder do Partido Trabalhista, o principal partido de oposição do país. Na política britânica, a figura do líder de um partido significa que caso esse partido assuma a maioria do Parlamento em uma eleição, o líder será automaticamente o primeiro-ministro do país. O líder da oposição também tem um papel importante no monitoramento das políticas adotadas pelo governo, é uma voz muito presente nos meios de comunicação e é convidado a participar de certos eventos oficiais ao lado do primeiro-ministro. E é por esses motivos que a chegada de Jeremy Corbyn ao topo do Partido Trabalhista foi muito surpreendente para os britânicos.

Corbyn tem 66 anos e está na política há mais de quatro décadas. Ele é parlamentar pelo distrito de Islington, em Londres, e é visto como um esquerdista puro, alguém que manteve seus ideais socialistas mesmo quando o partido enveredou por uma linha menos radical e mais liberal sob o comando de Tony Blair, o chamado New Labour. Mas sob o comando de Ed Milliband, que adotava uma linha parecida com essa, os trabalhistas sofreram uma de suas piores derrotas nas eleições realizadas em maio, perdendo dezenas de cadeiras no Parlamento.

Corbyn não ganhou a maioria dos votos entre os trabalhistas que são parlamentares, mas obteve um apoio enorme entre os membros afiliados do partido e nos sindicatos. Ele é visto como um político honesto e que ainda é capaz mobilizar uma nova geração de ativistas. Tanto que desde o sábado, quando ele foi eleito, mais de 20 mil pessoas se afiliaram ao partido.

 

Pedra no caminho de Cameron

O primeiro-ministro David Cameron usou o Twitter para reagir à eleição de Corbyn, dizendo que o Partido Trabalhista agora representa uma ameaça à segurança nacional. Há vários anos, Corbyn faz uma campanha para que o Reino Unido abandone suas armas nucleares. Ele deve liderar os trabalhistas e o resto da oposição no Parlamento para que votem contra a proposta do governo de investir £ 80 milhões (cerca de R$ 475 milhões) na renovação do programa nuclear britânico. Além disso, o governo Cameron deve submeter ao Parlamento nas próximas semanas o plano de incrementar os ataques às bases do grupo Estado Islâmico na Síria e no Iraque por parte da Força Aérea britânica, e é possível que Corbyn e os trabalhistas votem contra a proposta. Os conservadores também falaram em ameaça à segurança econômica do país, já que Corbyn apontou como ministro paralelo das Finanças um antigo aliado socialista que já disse "querer mudar o capitalismo".

O comentário do primeiro-ministro no Twitter foi visto por analistas políticos mais como uma tentativa de estabelecer o quanto antes uma imagem negativa de Corbyn e da equipe que ele colocou no gabinete paralelo.

 

Corbyn também é descrito como um “eurocético” – alguém que prefere ver o Reino Unido fora da União Europeia. Pessoalmente, ele é contra a permanência do Reino Unido na União Europeia e votou pela saída do país no último referendo sobre o assunto, em 1975. Mas a posição dos trabalhistas tem sido de defender que os britânicos permaneçam no bloco e, segundo muitos analistas, é possível que ele acabe colocando a visão do partido acima de sua visão pessoal. O governo conservador quer realizar um referendo em 2017 para se decidir sobre a permanência ou não na União Europeia.

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Veja outros episódios
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.