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Linha Direta

Euforia dos alemães com refugiados lembra queda do Muro de Berlim; preconceito pode vir depois

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Até o final do ano, a Alemanha espera receber 800 mil pedidos de asilo de refugiados, principalmente sírios. Integrar esses imigrantes à sociedade e à economia alemãs é o maior desafio que o país enfrenta desde a reunificação do leste com o oeste, na década de 90.

Famílias de imigrantes desembarcam na estação de trem de Munique. 7 de setembro 2015.
Famílias de imigrantes desembarcam na estação de trem de Munique. 7 de setembro 2015. REUTERS/Michaela Rehle
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As imagens de centenas de alemães dando boas-vindas aos refugiados lembra o clima de euforia que contagiou o país com a queda do Muro de Berlim, em 1989. Primeiro veio a euforia, depois a desilusão e o preconceito. As imagens dos alemães se abraçando foram, com o tempo, substituídas pelo preconceito de que os alemães orientais passaram a ser vítimas nos anos seguintes.

A mais grave crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra coloca a Alemanha diante de um desafio que o vice-chanceler alemão, Sigmar Gabriel, classificou como o maior que o país já enfrentou desde a reunificação alemã. Pelos ataques vistos nas últimas semanas contra albergues de imigrantes em várias cidades alemãs, não dá para descartar uma eventual rejeição tardia dos refugiados, como aconteceu com os alemães orientais.

A chanceler Angela Merkel reconheceu que absorver um número tão expressivo de estrangeiros vai mudar a Alemanha. Mas ela prometeu que vai trabalhar para que as mudanças sejam positivas.

Por enquanto, o sentimento geral é de solidariedade pelos migrantes que chegam, a maioria vindos das guerras no Iraque e na Síria. A imagem dos refugiados chegando em Munique exaustos, mas felizes e sendo recebidos por voluntários com canções de boas-vindas e mantimentos comoveu e marcou o fim de semana. Merkel disse que se orgulhava dos esforços dos voluntários para apoiar essas milhares de pessoas que buscam proteção.

Indústria contrata

Pesquisas recentes mostram que mais da metade dos alemães é a favor que a Alemanha acolha os refugiados. Existe atualmente muita disposição de ajudar, com campanhas para coleta de roupas, mantimentos e doações.

Da parte da indústria também há boa-vontade em receber os refugiados e dar emprego a eles. O presidente da Confederação da Indústria Alemã dizia, no último fim de semana, que as empresas alemãs estão dispostas a absorver essa mão-de-obra que chega e pediu até a diminuição da burocracia para tornar isso possível.

O presidente-executivo da montadora alemã Daimler saudou a chegada dos migrantes como uma "grande oportunidade para o país" e propôs que as empresas informem os refugiados sobre vagas abertas e pré-requisitos para empregos já nos próprios centros de acolhimento.

Xenófobos são minoria

Os ataques contra prédios destinados a servir como abrigos para requerentes de asilo em diversas cidades alemãs são, provavelmente, obra de radicais de direita, de neonazistas. Existe uma resistência desses extremistas, mas isso é algo isolado, que não encontra eco na grande maioria da população alemã.

O que se vê no momento é muito boa-vontade, mas isso não quer dizer que a situação não possa mudar. Vai depender do rumo da economia daqui para a frente. Porque sempre que a economia vai mal, o desemprego aumenta, há uma tendência de se culpar primeiro os estrangeiros, tendência incitada principalmente pelos partidos mais à direita.

O partido mais à direita da coalizão de Merkel, a União Social-Cristã (CSU), irmão da legenda de Merkel, a CDU, pressiona a chanceler para que aperte as condições para os requerentes de asilo. O CSU também criticou duramente a chefe de governo alemã por ter aberto as fronteiras no último fim de semana.

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