Volta às aulas na França reanima debate sobre inovações no ensino
O início do ano letivo é a ocasião para a imprensa francesa avaliar os desafios da educação no país e divulgar as iniciativas adotadas por professores para tornar a escola mais atraente para os 12 milhões de alunos que irão voltar às aulas a partir desta terça-feira (1). Além da reforma apresentada pelo ministério da Educação, os jornais investigaram novos métodos de ensino elaborados pelo corpo docente.
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Libération lembra que nesta segunda-feira (31) mais de 850 mil professores franceses retornam ao trabalho para preparar a volta às aulas. O jornal entrevistou cinco professoras que resolveram inovar seus métodos de ensino, muitas vezes desfiando diretrizes do próprio Ministério da Educação. Segundo o jornal, elas lamentam o abismo entre o "discurso político que estimula a inovação pedagógica da verdadeira realidade do ensino".
Uma professora do sudoeste do país conta uma experiência com alunos do primário que foi até premiada: matérias como matemática e francês foram transformadas em "disciplinas gerais". Na sala de aula, duas professoras ensinam as matérias de maneira transversal. Uma das vantagens é que os alunos se concentram mais e fazem menos bagunça, de acordo com a avaliação. Depois de testado com relativo sucesso, o projeto foi aprovado pelo conselho de ensino.
Outra professora relata sua experiência com o uso das redes sociais para ensinar literatura. Ela criou contas de personagens de livros no Facebook para analisar as obras. Pelo Twitter, a professora ensina métodos de dissertação.
Libération considera o tema da Educação como essencial para a próxima década na França. Governo e oposição propõem mudanças, o que demonstra a vontade de rever os conceitos do ensino no país.
Reforma difícil
Em entrevista ao jornal Aujourd'hui en France, a ministra da Educação, Najat Vallaud-Belkacem, afirmou que a reforma global do ensino proposta pelo governo francês vai ser adotada integralmente a partir de 2016. Isso, segundo o jornal, apesar da forte resistência dos sindicatos e da oposição de direita.
As mudanças começam já neste ano letivo, com a entrada em vigor do ensino de educação moral e cívica; de uma adaptação nos programas do jardim da infância e até da troca de notas por cores no sistema de avaliação no primário.
O governo também promete que, até 2017, serão criados mais de 60 mil postos de trabalho na educação. A ministra acredita que houve um mal entendido durante a elaboração da reforma e das novas plataformas de ensino, mas "que todos irão se adaptar". Ela também defende que o sistema de notação seja mais claro, mais exigente e melhor compreendido por pais e alunos.
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