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Reforma das 35 horas de trabalho na França cria divergências no governo

Um encontro do Partido Socialista (PS) francês neste fim de semana na cidade de La Rochelle e as declarações contraditórias dos ministros que formam o governo do presidente François Hollande geram longos editoriais nos jornais deste sábado (29).

O ministro da Economia, Emmanuel Macron, participa de encontro com o presidente da entidade patronal Medef, Pierre Gattaz.
O ministro da Economia, Emmanuel Macron, participa de encontro com o presidente da entidade patronal Medef, Pierre Gattaz. REUTERS/Christian Hartmann
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O primeiro-ministro francês, Manuel Valls, e o ministro da Economia, Emmanuel Macron, travam uma batalha em torno das 35 horas de trabalho semanais. Macron, ex-banqueiro, próximo do empresariado, defendeu mais uma vez esta semana o fim do regime das 35 horas, para melhorar a competitividade das empresas francesas. O chefe do governo, Valls, também defende a flexibilização dos contratos de trabalho, mas sem tocar no regime das 35 horas. O tema é capaz de implodir a maioria parlamentar socialista e inviabilizar a ação do executivo a dois anos das eleições presidenciais.

Le Figaro afirma que Macron "diz a verdade" que ninguém quer ouvir. Seria melhor se a França desse um fim a esse regime que não cumpriu seu objetivo de criar empregos. As 35 horas de trabalho viraram um totem, uma espécie de símbolo sagrado, que nem a esquerda nem a direita ousam enterrar, lamenta o Le Figaro.

Iconoclastas

Em seu editorial, o Le Monde afirma que as divergências nas correntes internas do Partido Socialista "não oferecem um espetáculo reluzente aos franceses". No encontro de La Rochelle, o grupo de parlamentares que condena a linha social-liberal de Hollande cobrou, mais uma vez, uma guinada na política econômica, porém mais à esquerda. Do outro lado do espectro, os reformistas, entre eles Macron, lutam para modernizar o programa social do partido, sem conseguir de fato uma evolução.

O jornal Le Parisien nota que o governo Hollande tem dois ministros adeptos de provocações: o ousado Emmanuel Macron, da Economia, e Ségolène Royal, do Meio Ambiente, ex-companheira de Hollande e desafeto dos barões do partido. Le Parisien se refere aos dois ministros como "iconoclastas", ou seja, pessoas que não respeitam tradições e crenças estabelecidas. "Eles iluminam o caminho do presidente François Hollande", diz o diário.

O problema é que o Partido Socialista está cada vez mais descaracterizado como um partido de esquerda, e o governo Hollande cada vez mais liberal. Os eleitores que acreditaram ter votado num programa de esquerda ficam perdidos.

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