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Linha Direta

Mídias da China ignoram crise financeira interna de impacto global

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As bolsas chinesas registraram oscilações e tentativas de ganhos nesta quarta-feira, despois da redução das taxas de juros operada pelo Banco Central da China. A semana começou com uma segunda-feira crítica, diante das perdas provocadas em mercados do mundo todo. Nesta data, a bolsa de Xangai registrou queda de mais de 8%, sua maior perda diária desde 2007. No ultimo ano, ações chinesas perderam 40% do seu valor. A derrocada asiática provocou uma onda de pânico no mercado financeiro, diante do impacto da desaceleração da China na economia global.

Investidor chinês observa painel eletrônico com informações da Bolsa de Xangai, em Pequim, nesta quarta-feira, 26 de agosto de 2015.
Investidor chinês observa painel eletrônico com informações da Bolsa de Xangai, em Pequim, nesta quarta-feira, 26 de agosto de 2015. REUTERS/Jason Lee
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Luisa Duarte, correspondente da RFI Brasil em Hong Kong

Nesta quarta-feira (26) a bolsa de Xangai se mostrou volátil ao longo do dia, suas ações caindo 3,85% e depois subindo 1,24%, terminando em baixa de 1,27% no fechamento. Aqui em Hong Kong, o índice Hang Seng abriu em leve alta de 0,18%. Já a bolsa de Sydney e a do Japão deram sinais de recuperação. Essa última fechou o dia com alta de 3,20%, depois de seis dias de queda consecutiva. A tímida recuperação acontece depois que o Banco Central chinês (PBOC) anunciou na terça-feira 25) a queda nas taxas de juros. A China fez um corte de 0,25% na taxa básica de juros e reduziu os encaixes compulsórios dos bancos, para estimular o crédito. A ação representa uma injeção de liquidez na segunda maior economia no mundo.
A intervenção foi uma tentativa de tranquilizar investidores sobre o desempenho da economia chinesa. Esse foi a quinta redução das taxas de juros operada por Pequim desde novembro do ano passado.

China

O que a China está fazendo para reverter esse quadro? Na terça-feira (25), o Banco Central da China anunciou ter injetado US$23,4 bilhões no mercado financeiro, comprando títulos de bancos com um acordo de revendê-los no futuro. O valor da intervenção é o maior desde desde janeiro 2014 e visa aumentar a liquidez.

No final de semana, Pequim anunciou que vai permitir que fundos de pensão - que somam um patrimônio de cerca de US$550 bilhões- sejam usados para investir no mercado de ações, a fim de tentar evitar novas perdas.

Já no início do mês, a China desvalorizou o yuan em relação ao dólar, como parte de um esforço para impulsionar as exportações. Mas muitos investidores alegam que é preciso fazer mais para que o mercado ganhe confiança novamente.

Uma particularidade da China é que no país 80 % dos investidores são indivíduos que geram suas próprias aplicações. Já as bolsas estrangeiras são em geral dominadas por grandes investidores institucionais. Esses investidores têm pouca capacidade de influenciar o mercado individualmente, pois os valores de suas carteiras são relativamente pequenos. Em contrapartida, isso faz com que milhões de pessoas comuns fiquem expostas às flutuações no mercado.

Mídias fecham os olhos

A dramática derrocada das bolsas chinesas, no entanto, não é manchete na mídia chinesa. O site da agência estatal de notícias Xinhua nesta quarta-feira, não traz o tema em suas manchetes. Apenas a queda das bolsas americanas aparece em destaque. Na página principal foi publicada uma reportagem, onde analistas defendem que o país pode ainda manter a taxa de 7% de crescimento esse ano.. A China, que chegou a registrar nos últimos anos taxas de crescimento acima dos 10%, deve crescer 6,8%, em 2015, segundo o Fundo Monetário Internacional. O calculo do FMI prevê uma nova redução da economia chinesa no próximo ano, no qual a previsão é de 6,3% de crescimento.

Outro artigo publicado ainda pela mídia estatal chinesa afirma contundente que “apesar da queda dos mercados de ações, os investidores devem abrir mão de sua ansiedade desnecessária sobre a China, porque a previsão de longo prazo para a economia chinesa continua saudável e Pequim tem a vontade e os meios para evitar uma crise financeira”.

Impacto global

Analistas têm sido cautelosos em descrever a situação atual como o início de uma crise financeira de médio ou longo prazo. Ao mesmo tempo ninguém arrisca dizer que não haverá novas perdas e que a estabilização do mercado está próxima. A China tem um papel central na economia mundial e é o principal parceiro econômico do Brasil. A volatilidade das últimas semanas tem fortes chances de se manter, já que o pânico provocado nos investidores ainda não se dispersou. Alguns investidores suspeitam que a bolha artificial de valorização dos mercados chineses ainda não esvaziou totalmente e não há clareza sobre quais serão os reais efeitos da redução do crescimento chinês na economia global.

A derrocada das bolsas asiáticas teve impacto no mercados europeus, norte-americano e no Brasil, influenciando a queda vertiginosa das ações e a baixa dos preços das commodities. Na segunda-feira, o preço do petróleo atingiu seu menor valor em seis anos, caindo 4%.
 

 

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