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Derrocada nas bolsas revela pânico de investidores com economia da China

O abalo no mercado financeiro que teve início em Xangai e contaminou as bolsas de valores mundiais, ontem, ganha as manchetes da imprensa francesa desta terça-feira (25). Jornais repercutem os riscos da desaceleração chinesa sobre a economia do planeta e lembram que muitos enriquecem nesses períodos de crise no mercado financeiro.

Bolsas europeias também tiveram repercussão.
Bolsas europeias também tiveram repercussão. REUTERS
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"Um desastre", estampou em sua manchete o diário econômico Les Echos informando a queda das principais bolsas mundiais na segunda-feira (24). Gráficos mostram o tamanho do tombo nas principais praças financeiras: 8,8% na China, 3,6% nos Estados Unidos, 4,6% no Japão, recuo de 5,4% na França e 4,7% na Alemanha.

A "segunda-feira negra", nas palavras do jornal, tem uma explicação: os investidores estão em pânico diante do risco de contágio da crise econômica chinesa para o resto do mundo. O país mais inquieto é o Japão, segundo Les Echos, porque o impacto da crise no maior parceiro comercial de Tóquio pode respingar na atividade turística, com a queda no fluxo de visitantes chineses ao país.

Segundo a reportagem, a crise na China é muito mais preocupante do que a da Grécia, porque o gigante asiático representa cerca de 15% da economia do planeta e sua imensa população precisa de muito mais matérias-primas e produtos industriais. "Um cenário que se agrava diante da opacidade das autoridades de Pequim", afirma Les Echos. A recente manobra para desvalorizar o yuan (moeda chinesa) é reveladora de uma política pouco transparente das autoridades chinesas, avalia o diário.

Em entrevista ao Les Echos, a consultora Karine Hirn, baseada em Hong Kong, relativiza esse temor com a China. Mesmo com algumas regiões do país em recessão, ela considera que a segunda maior economia do mundo tem uma demanda interna ainda muito forte e está longe de afundar na crise.

Le Figaro usou a mesma expressão "segunda-feira negra" para se referir à derrocada das bolsas e afirma que a China provocou "tormenta" nas bolsas mundiais. O jornal tenta explicar essa queda espetacular e suas repercussões em sete questões.

Le Figaro aponta que uma das razões apontadas para a crise atual foi a corrida de pequenos investidores da classe média chinesa que, decepcionados com a desaceleração econômica e com a crise imobiliária no país, criaram uma bolha especulativa que está explodindo. Entre os países que mais perdem com a crise chinesa estão grandes produtores de matérias-primas como Brasil, Venezuela, Colômbia e até a Rússia, estima o diário.

Problema de distribuição de riqueza

Libération lembra em seu editorial que muitos especialistas já alertavam para o crescimento de dois dígitos na China, baseado em uma política perigosa de superinvestimentos e de uma bolha imobiliária que está estourando.

O "krash" das bolsas asiáticas faz parte, hoje, de uma engrenagem econômica mundial e, por isso, "qualquer preocupação se espalha como fogo de brasa", diz o Libé. O jornal considera que a verdadeira origem do problema atual está na desequilibrada distribuição da riqueza mundial. "Os milionários não podem mais sozinhos sustentar a expansão da economia." O grande freio do crescimento é a desigualdade, afirma o jornal, recorrendo a uma frase conhecida do americano Henry Ford: "se não pagamos bem nossos empregados, eles não terão dinheiro para comprar carros".

Dicas para os investidores

"A situação é mesmo preocupante?", questiona em sua manchete o Aujourd'hui en France lembrando das crises anteriores de 2001 e 2008. A diferença agora, com a crise de 2015, é que o mundo se dá conta do peso da economia chinesa no cenário global.

"A China espirra e o planeta fica resfriado", brinca Aujourd'hui en France. O jornal traz um conselho aos seus leitores: às vezes, diante do pânico nas bolsas, o melhor é não se assustar. Afinal, muitos investidores fizeram fortuna, como o bilionário americano Warren Buffet, comprando ações baratas que depois foram revendidas a preço de ouro.

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