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Planeta Verde

Molécula que reduz emissão de metano nas vacas deve enfrentar resistência

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Foi recebida com otimismo, na semana passada, a notícia da criação de uma molécula capaz de reduzir em 30% a quantidade de metano produzido por bois e vacas – um dos principais causadores do efeito estufa. Mas o uso do aditivo químico deve enfrentar resistência em uma Europa que, cada vez mais, busca alimentação orgânica.

Bovinos são a causa do efeito estufa.
Bovinos são a causa do efeito estufa. Wikimedia Commons
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O regime dos bois e das vacas não despertaria maior interesse não fosse pelo fato de que estes animais são grandes produtores de gases do efeito estufa. O metano expelido pelos bovinos depois de ruminar sua comida tem um potencial de aquecimento global 25 vezes maior que o gás carbônico comum. Ou seja, é um verdadeiro problema, considerando que países como o Brasil, por exemplo, têm mais cabeças de gado do que gente.

O estudo publicado pela National Academy of Sciences dos Estados Unidos afirma que 48 vacas leiteiras alimentadas por três meses com a molécula 3-nitrooxypropanol emitiram 30% a menos de gás metano. Também não foi verificado nenhum efeito colateral para os animais.

Pierre Weill, presidente da Bleu-Blanc-Coeur, uma associação francesa de pesquisa que ajuda produtores rurais que querem fornecer uma alimentação mais saudável a seus animais, diz que “a partir do momento que o metano dos ruminantes se torna um problema para o planeta, não podemos ter uma escolha apenas química”. Ele compara à alimentação humana: “É como dizer ‘o colesterol é um problema’ e comermos mal. E então continuamos comendo mal e tomamos um remédio para o colesterol. Ou seja, é melhor comer melhor e diminuir o colesterol e o risco cardiovascular naturalmente.”

Grãos de linhaça

A associação de Pierre Weill incentiva o uso de grãos de linhaça na alimentação dos animais, um método natural já utilizado por diversos criadores franceses, incluindo Luc Smessaert, vice-presidente da Federação Nacional dos Sindicados Agricolas da França. A linhaça também reduz em até 30% a produção de metano. O problema é que os grãos custariam, segundo Smessaert, até € 800 euros a tonelada. “É como alimentar o meu rebanho com caviar”, ironizou Smessaert, em entrevista ao Le Monde.

Pierre Weill contesta o valor, afirmando que o preço da tonelada não ultrapassa os € 500, sendo necessários apenas 0,75kg por dia para reduzir as emissões em 25%. O impacto no preço final do leite seria um aumento de apenas 0,7%. "Muito longe do caviar", afirma.

No Brasil, a Embrapa tem chegado a bons resultados na redução da emissão de gases, principalmente no sul do país, onde o gado é criado livremente. “O principal fator para os animais em pastejo produzir mais metano é o manejo deste pasto”, diz Cristina Genro, pesquisadora da Embrapa Pecuária Sul. “Nossas pesquisas indicam que, com o manejo adequado, é possível termos 43% menos metano”, explica.

O bom manejo incluiria dar uma quantidade adequada de pasto a um determinado número de animais – evitando o excesso de ruminantes para não degradar o pasto.

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