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Linha Direta

Dinamarqueses dão boas-vindas, mas governo quer conter onda de refugiados

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Na Dinamarca, cidadãos estão se organizando através das redes sociais e usando as mesmas armas do governo para demonstrar que se opõem à política oficial de conter a onda de refugiados. O governo dinamarquês anunciou que lançará uma campanha internacional para desencorajar estrangeiros a procurar asilo no país. Mas grupos de voluntários se anteciparam à campanha oficial e publicaram anúncios dando boas-vindas aos refugiados.

A Ministra da Integração da Dinamarca, Inger Støjberg, que apóia as medidas do governo de direita de seu país no sentido de reduzir pela metade os benefícios sociais para refugiados.
A Ministra da Integração da Dinamarca, Inger Støjberg, que apóia as medidas do governo de direita de seu país no sentido de reduzir pela metade os benefícios sociais para refugiados. Wikimedia Commons
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Margareth Marmori, correspondente da Rádio França Internacional em Copenhague

A campanha é uma das medidas que o novo governo de direita, empossado há apenas dois meses, está adotando para cumprir a promessa eleitoral de conter a entrada de imigrantes no país. No ano passado, a Dinamarca recebeu mais de 14 mil pessoas à procura de asilo. Embora tenha sido um recorde para o pequeno país escandinavo, foi um número bem menor do que o verificado em países vizinhos como a Suécia e a Alemanha.

No entanto, antes da campanha sair do papel, milhares de pessoas, organizadas através das mídias sociais, pagaram a publicação de anúncios em jornais de países europeus com a mensagem oposta à do governo, ou seja, a de que os refugiados são, na verdade, bem-vindos na Dinamarca.

O anúncio já saiu em jornais da Dinamarca, Inglaterra, Alemanha e Hungria e sua publicação vem sendo paga com doações recebidas por um grupo que conta com o apoio de 20 mil pessoas no Facebook. Segundo a nota de boas-vindas aos refugiados, há muitos dinamarqueses que não pensam como o governo e querem ajudar os que, fugindo de guerras, tentam a vida na Europa.

A ideia da campanha do governo surgiu depois que a agência europeia de controle das fronteiras, a Frontex, revelou que muitos refugiados procuram asilo em países que oferecem os melhores benefícios sociais. A ministra da Integração da Dinamarca, Inger Støjberg, afirma que o objetivo da campanha é informar os imigrantes que não será mais economicamente vantajoso buscar asilo na Dinamarca já que, a partir de setembro, o governo reduzirá pela metade os benefícios sociais pagos aos refugiados.

Reação da sociedade

O plano do governo vem sendo duramente criticado pela oposição e por outros setores da sociedade. Empresários têm se manifestado contra a campanha por temer que ela prejudique a reputação da Dinamarca no exterior e acabe levando estrangeiros qualificados a desistir de migrar para o país.
Também há grupos que vem se movimentando para prestar solidariedade aos refugiados. No Facebook, dezenas de milhares de pessoas se organizaram para ajudar de forma prática os refugiados que já vivem no país. Esses grupos organizam, por exemplo, aulas de dinamarquês ou doações de móveis e utensílios domésticos. Diversos outros grupos estão se mobilizando para arrecadar e enviar roupas, água e material de higiene pessoal aos campos de refugiados no sul da Europa

Medida sem resultados

Em entrevista ao jornal Politiken, a pesquisadora Ninna Nyberg Sørensen, do Instituto Dinamarquês de Estudos Internacionais, afirmou que esse tipo de campanha só serve mesmo para o governo satisfazer seus eleitores e não terá efeito prático nenhum. Segundo ela, quem foge de situação de conflito, está em busca de um local seguro para viver e os benefícios sociais são um fator de pouca importância na hora de decidir para onde ir.

A campanha segue exemplo de outros países europeus que tomaram iniciativas semelhantes. Mas a diferença é que em países como a Alemanha e a Áustria, as campanhas foram endereçadas apenas aos que tentam migrar por motivos econômicos. A campanha e a redução dos benefícios sociais são apenas algumas das medidas do governo dinamarquês para cumprir a promessa eleitoral de reduzir a entrada de refugiados do país. Entre essas outras medidas, está a decisão tomada em julho passado de ficar de fora do acordo que 22 países europeus fizeram para dividir entre si a responsabilidade de dar abrigo a 32 mil refugiados.

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