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Planeta Verde

Plano climático de Obama só é realista se democratas vencerem eleições

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O plano do presidente Barack Obama para reduzir as emissões de gases de efeito estufa foi elogiado por lideranças do mundo inteiro, e simboliza uma evolução no compromisso dos americanos para enfrentar as mudanças climáticas. Segundo especialistas, as propostas são realistas, mas dependem de uma vitória dos democratas nas próximas eleições presidenciais no país, em 2016.

A usina a carvão de Castle Gate, em Utah, nos Estados Unidos, desativada na primavera de 2015, como antecipação às novas normas do plano do presidente Barack Obama.
A usina a carvão de Castle Gate, em Utah, nos Estados Unidos, desativada na primavera de 2015, como antecipação às novas normas do plano do presidente Barack Obama. REUTERS/George Frey
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Os Estados Unidos são o segundo maior poluidor do mundo. Por isso, há décadas os ambientalistas pedem que o país intensifique os esforços para lutar contra as alterações do clima e o aquecimento global. O presidente Obama parece ter aceitado o desafio. O plano prevê que, até 2030, os americanos vão reduzir 32% das emissões de gases de efeito estufa pelas usinas de energia, em relação aos níveis registrados em 2005.

Ao anunciar as metas, o democrata lembrou que o "planeta é um só, e não existe plano B”. “Se nós não fizermos, ninguém vai fazer. A única razão pela qual a China está refletindo a sério sobre as suas emissões é eles verem que nós estamos fazendo o mesmo”, declarou o presidente.

O projeto, o mais ambicioso já apresentado por um presidente americano, vai enfrentar a resistência dos republicanos e de cerca de 10 estados produtores de carvão, que já prometem recorrer à justiça. Para que as propostas sejam concretizadas, será necessário que os democratas vençam as eleições do ano que vem, destaca o pesquisador em Relações Internacionais Eduardo Viola, especialista em negociações climáticas da UNB.

“São realistas, sim. Mas não quer dizer que sejam garantidas, porque se, na próxima eleição, tiver uma vitória republicana, tudo pode parar”, afirma.

Agência é reputada

A professora emérita de climatologia da Universidade de Lille 1 Isabelle Roussel também acha que o anúncio de Obama não foi só da boca para fora. “A EPA, a agência americana de meio ambiente, ficou encarregada de implantar o plano. Essa agência é conhecida pela seriedade e está conectada com as pesquisas mais avançadas sobre mudanças climáticas no mundo”, destaca a especialista.

Por enquanto, o governo atacou a maior fonte de poluição nos Estados Unidos, as usinas a carvão. Viola observa que, se os democratas também conseguirem a maioria de deputados e senadores no Congresso, outras áreas importantes poderão ser contempladas.

“É um começo, sim, mas é muito importante. Os Estados Unidos estão numa rota de redução de emissões, o que é primordial e marca uma grande diferença em relação há alguns anos”, observa Vioa. “Este é um plano concreto para a energia. Nas outras áreas, existe a proposta, mas ainda falta um plano concreto para transportes e processos industriais, por exemplo.”

Para o pesquisador da UNB, os Estados Unidos estão retomando o papel protagonista na área do clima, que tinham exercido na década de 1990 e abandaram nos anos 2000. Essa nova postura deve influenciar outros países a aumentarem a ambição dos cortes de emissões de gases.

Pressão para o Brasil

Há expectativa sobre a proposta do Brasil nas negociações que vão ocorrer na Cúpula do Clima de Paris, a COP-21. Mas o professor avalia que, por enquanto, o assunto não é uma prioridade para o país.

“O Brasil é um país absolutamente fluido e incerto sobre qualquer coisa a longo prazo neste momento. O Brasil está tomado por planos a curto prazo, em meio a uma crise econômica, política e moral gigantesca”, ressalta. “Existe uma influência da posição americana, a favor de atitudes descabonizantes na sociedade brasileira. Mas isso não quer dizer que vai afetar a proposta brasileira na COP-21.”

A proposta mais ambiciosa é a da União Europeia, que se compromete a diminuir 40% das emissões de poluentes até 2030. Os europeus têm como base os valores de 1990 - que eram bastante superiores aos de 2005, o ano de referência dos americanos.

 

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