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Fato em Foco

70 anos depois, vítimas de Hiroshima lutam para manter história viva

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No dia 6 de agosto de 1945, numa manhã tranquila de verão, de repente o céu explodiu em Hiroshima. Em seguida, muita poeira e fuligem no ar. É o relato recorrente de quem viu o cogumelo atômico por dentro. Oitenta mil pessoas morreram no ato. Três dias depois, a história se repetia em Nagasaki. Morte instantânea de mais 40 mil. Outras milhares morreriam nas décadas seguintes de sequelas e heranças geneticamente modificadas. Os sobreviventes, os hibakushi, lutam ainda hoje para que a história não se esqueça de tanto sacrifício.

Japoneses visitam o Memorial da Paz de Hiroshima, uma das poucas construções que restaram de pé  após a bomba atômica.
Japoneses visitam o Memorial da Paz de Hiroshima, uma das poucas construções que restaram de pé após a bomba atômica. Wikipedia/Dan Smith
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Os ataques a Hiroshima e Nagasaki elevaram os conflitos a um outro patamar de discussões morais e de nível de destruição, diz Ângelo Segrillo, coordenador do Laboratório de Estudos da Ásia da Universidade de São Paulo. “O argumento dos americanos é de que, se não fossem as bombas, o conflito iria ainda custar muitas vidas americanas”. Ele lembra que o arquipélago japonês prometia muita dificuldade de invasão. Além disso, os aliados temiam a determinação dos japoneses em resistir até o final.

Os que sobreviveram aos ataques sofreram, além das sequelas, muita discriminação. Os “hibakusha” travaram longas batalhas para terem benefícios e tratamentos de saúde assegurados. Muitos também lutam para que o sofrimento que viveram não seja esquecido pela história.

Chuva preta

Junko Watanabe, 72, é uma hibakusha. “Eu me lembro de pouca coisa, de estar brincando com meus irmãos diante de um templo, e, de repente, uma chuva preta”, conta a sobrevivente, que mora há mais de 50 anos no Brasil. A chuva a que se refere é a espessa nuvem de fuligem e resíduos atômicos que se seguiu à explosão e cobriu toda a região. O fenômeno também deu nome ao filme “Chuva Negra”, de 1968, dirigido por Shohei Imamura, premiado no Festival de Cannes, sobre o drama das vítimas de Hiroshima.

No Brasil, uma associação de sobreviventes das bombas de Hiroshima e Nagasaki reúne atualmente 106 pessoas. O grupo foi fundado por Takashi Morita, hoje com 91 anos. Ele viveu a bomba aos 21 anos e imigrou para o Brasil 11 anos depois. O objetivo da associação foi o de reconhecimento das vítimas do Brasil por direitos a benefícios e tratamento médico, antes reservados somente a hibakushas vivendo no Japão.

Morita fez muitas palestras a respeito da bomba a estudantes, virou nome de escola e até foi nomeado cidadão paulistano pela Câmara Municipal de São Paulo. Hoje ele está em Hiroshima, participando das cerimônias em homenagens às vítimas das bombas.
 

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