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Gregos vivem consequências de "guerra financeira"

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"A situação na Grécia lembra a Primeira Guerra Mundial, só que ao invés de armas, é uma guerra financeira", diz Valentino Vatev, que trabalha com o setor de turismo em Mykonos, uma das ilhas gregas mais visitadas do arquipélago. O turismo vem sofrendo as consequências da crise financeira, assim como a população grega.

Em caso de falência, a Grécia poderá ter a reimplantação da antiga moeda do país, o dracma.
Em caso de falência, a Grécia poderá ter a reimplantação da antiga moeda do país, o dracma. REUTERS/Dado Ruvic
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A Grécia, ou melhor, os gregos, vivem tempos de incerteza e expectativa. A permanência do país na zona do euro está em suspenso, o calote da dívida internacional é um fato. Os bancos estão fechados e a população é refém da situação, mesmo tendo optado pelo “não” no referendo sobre as exigências de austeridade dos credores.

Os líderes da zona do euro deram um ultimato para que a Grécia apresente até sexta-feira um plano com reformas "realistas", se quiser continuar recebendo ajuda financeira do bloco.
A demora do governo Tsipras em apresentar por escrito o acordo do governo com reformas profundas exaspera os países vizinhos. O presidente do Banco Central da França, Christian Noyer, declarou temer que a Grécia mergulhe no caos financeiro se um acordo político não for encontrado até domingo.

Depoimentos

A designer de jóias Thisbe Albuquerque Gonzalez mora em Atenas há 12 anos. Empresária, ela conta que as encomendas para o verão, até então época de pico de vendas, estão estagnadas:

“A situação está complicada. Só podemos tirar €60 por dia, mas as notas de €20 já estão em falta, então muitas vezes só dá para tirar €50. Se der para pagar com cartão, tudo bem. Mas vai depender também do limite do cartão. A filha de uma amiga vai viajar agora para a Espanha, vai levar um cartão de crédito, mas a conta está suspensa, todos os dias ela vai ao caixa automático para ir juntando os €60 por dia. E é preciso fazer fila - isso nos bancos que ainda têm dinheiro. Eu já estou usando minhas reservas, pois ultimamente não tenho tido mais encomendas. As pessoas estão perdidas, tanto as que votaram pelo ‘sim’, quanto as que escolheram o ‘não’ ao plano de austeridade dos credores”.

Valentino Vatev, proprietário do complexo hoteleiro Royal Mykonos, em Mykonos, uma das ilhas mais visitadas do arquipélago grego:

“Os problemas têm aumentado nos últimos dez dias, duas semanas. Temos tido muitos cancelamentos e problemas de segurança. É uma situação que lembra a Primeira Guerra Mundial, mas é uma guerra financeira, com dinheiro ao invés de armas.”

Mas há também os otimistas inabaláveis, como Dimitri Anagnostopoulos, professor aposentado, que ensinou grego na USP, e que mora em Atenas:

“Para a situação voltou ao normal. No começo foi mais difícil, principalmente entre os mais idosos, que estavam mais apreensivos, então eles faziam filas nos caixas eletrônicos todos os dias. Mas isso já passou. Os gregos estão pacientes, aguardando o que vai acontecer. Estou neste momento no centro de Atenas, tudo está tranquilo, não se percebe nada de anormal.”
 

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