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Linha Direta

Crise econômica faz Rússia cortar investimentos na Copa de 2018

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A Rússia ordenou ontem o corte de US$ 560 milhões nos gastos de preparação para a Copa do Mundo de 2018. O corte acontece em meio à crise de corrupção que atingiu a FIFA e no mesmo dia em que a União Europeia resolveu manter as sanções econômicas contra a Rússia por causa da alegada responsabilidade do país no conflito da Ucrânia.

Cortes orçamentários terão impacto na Copa de 2018
Cortes orçamentários terão impacto na Copa de 2018 REUTERS/Maxim Zmeyev
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Sandro Fernandes, correspondente da RFI em Moscou.

O ministro de Esportes da Rússia, Vitali Mutko, disse que a mudança no orçamento vai afetar alguns aspectos das instalações esportivas construídas para o torneio. Segundo Mutko, o corte de US$ 560 milhões significará o cancelamento de “elementos desnecessários”. A organização da Copa decidiu, por exemplo, cancelar a construção de 25 hotéis de luxo. Além disso, a ideia de que cada estádio tivesse quatro campos de treinamento foi alterada. Agora, serão apenas três.

A Rússia vai sediar a Copa do Mundo de 2018 e o evento acontecerá em 11 cidades. Estádios estão sendo completamente restaurados ou construídos do zero. Além dos custos de construção de estádio, a Rússia também está investindo na melhoria do sistema de transporte do país. O custo total estimado é de US$ 11 bilhões. Pelo menos, no papel. A Olimpíada de Inverno de Sochi tinha um gasto estimado de US$ 12 bilhões e terminou com uma conta de US$ 51 bilhões.

A recente investigação sobre a corrupção da FIFA levantou muitas dúvidas e especulações de que a Rússia poderia perder o direito de sediar o maior evento de futebol do mundo, algo que as autoridades russas, incluindo o presidente Vladimir Putin, negam. Metade do orçamento total para a Copa de 2018 é fornecido pelo governo federal russo, 15% dos governos regionais e 35% da iniciativa privada.

As autoridades russas já negaram de maneira categórica e repetidas vezes o envolvimento do país em esquemas de corrupção e suborno com a FIFA. O presidente russo, Vladimir Putin, reiterou no último domingo que “nós (a Rússia) lutamos de maneira honesta para sediar o torneio e ganhamos”. E completa: “Não acredito que a escolha das sedes do Mundial deva ser revista. Se alguém tem alguma evidência de corrupção sobre este processo, que a apresente”.

A amizade de Blatter e Putin

Putin se colocou à disposição para colaborar nas investigações do escândalo da FIFA. Ele disse que está preparado para colaborar, mas é a Justiça que deve determinar se tem alguém culpado pelas irregularidades.

Joseph Blatter é amigo pessoal de Vladimir Putin. Tanto as autoridades da Rússia quando a mídia do país inistem na hipótese de que o escândalo de corrupção da FIFA, na verdade, é uma estratégia política orquestrada pelos Estados Unidos para desestabilizar a figura de Blatter e, consequentemente, desestabilizar também a Rússia.

Logo após a prisão dos sete dirigente da FIFA em Zurique, Putin disse que “os Estados Unidos estão abusando dos seus limites legais”. No entanto, a Suíça e os Estados Unidos têm um acordo de extradição desde 1997. Em 2013, o secretário-geral da FIFA, Jérôme Valcke gerou uma polêmica ao dizer que “menos democracia é, às vezes, melhor para organizar uma Copa do Mundo”. Valcke disse que um chefe de Estado mais forte, com poder de decisão, como Putin, facilita a organização do evento.

Sanções europeias

Se não bastassem os escândalos de corrupção da FIFA que podem ter levado já a estes cortes orçamentários na Copa de 2018, a União Europeia decidiu ontem manter pelo menos até janeiro de 2016 as sanções econômicas impostas à Rússia como represália política ao envolvimento do Kremlin no conflito do leste da Ucrânia – envolvimento negado pela Rússia. As sanções visam os setores bancário, petroleiro, de defesa e prevê o congelamento de bens de alguns cidadãos russos e ucranianos.

A Rússia, por sua vez, decidiu manter o embargo à importação de alimentos da União Europeia, EUA, Noruega, Canadá e Austrália por mais seis meses, começando em agosto. O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, disse que “não foi a Rússia que começou a aplicar medidas restritivas, mas a resposta será recíproca”.

Ontem, o ex-presidente ucraniano, Viktor Yanukovich, deposto pelo Parlamento do seu país em fevereiro do ano passado, agradeceu Putin por ter salvo a sua vida. Yanukovich fugiu para a Rússia com o auxílio das autoridades de Moscou.

 

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