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Linha Direta

Viagem de Dilma ao México marca reaproximação com foco na economia

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A presidenta Dilma Rousseff chega ao México nesta segunda-feira (25) para sua primeira visita ao país. A viagem visa reforçar as relações bilaterais e aproximar os países, as duas maiores nações da América Latina. Dilma fica no México até quarta-feira (27) com uma agenda com muito protocolo e cerimônia, mas o foco do encontro com o presidente Enrique Peña Nieto é a economia.

A presidente do Brasil, Dilma Rousseff, desembarca no México nesta segunda-feira, 25 de maio de 2015, em sua primeira visita de Estado ao país.
A presidente do Brasil, Dilma Rousseff, desembarca no México nesta segunda-feira, 25 de maio de 2015, em sua primeira visita de Estado ao país. REUTERS/Ueslei Marcelino
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Fernanda Brambilla, correspondente da RFI Brasil no México

A visita de Dilma, além de inédita, é histórica porque marca o início de uma reaproximação, depois de um distanciamento que se agravou na época do presidente mexicano Vicente Fox. Fox tinha um posicionamento favorável frente à ALCA, a Área de Livre Comércio das Américas, projeto que foi fortemente rechaçado pelo presidente Lula. Isso esfriou a relação bilateral, que já não era das mais próximas. Desde Fernando Henrique Cardoso e Ernesto Zedillo, nos anos 90, os dois países não mantiveram um histórico de amizade. O acordo entre as indústrias automotrizes, estabelecido com a Argentina há dois meses, foi um primeiro aceno. Mas agora, a diplomacia de Peña Nieto certamente será colocada à prova.

Relações bilaterais na mesa

Na pauta de Dilma no México há três grandes prioridades: investimento, comércio e turismo. A vice-chanceler mexicana, Vanessa Rubio, destacou que os líderes devem discutir ferramentas para aumentar o volume de investimentos brasileiros neste país. As duas nações mais importantes da América Latina, Brasil e México, levam uma relação bilateral bastante desequilibrada: o México tem no Brasil seu maior destino de investimentos, com mais de US$ 30 bilhões enviados em 2014. Já o Brasil não passa de US$2 bilhões aplicados no México no ano passado. Parte dos acordos que devem ser assinados por Dilma aqui têm como objetivo facilitar o fluxo de lá para cá. Se hoje Brasil e México somam 62% do PIB de toda a América Latina, essas duas economias mantêm um comércio anual pouco relevante, de poucos bilhões de dólares no último ano.

Agenda

Dilma chega nesta segunda-feira ao país, mas seus compromissos oficiais começam na terça (26), quando será recebida pelo presidente mexicano, Enrique Peña Nieto, no Palácio Nacional, onde terá um jantar de gala em sua homenagem.

Nesses dois dias, a visita de Estado terá bastante protocolo e cerimônia: Dilma e o chanceler José Antonio Meade devem receber as chaves da Cidade do México das mãos do chefe de governo, Miguel Ángel Mancera, e a presidenta tem planejada uma visita ao monumento de guerra Niños Heroes, que faz menção a jovens soldados que defenderam o México de uma invasão norte-americana, no século dezenove. Ela prestará honras e deixará uma oferenda no local. 

Na quarta-feira (27), Dilma será convidada a discursar em uma sessão solene no Congreso de la Unión, e deve bater na tecla da união de forças entre os dois países. Mas a parte que interessa mesmo na visita é a econômica. Dilma presidirá um seminário de negócios ao lado de Peña Nieto, voltado ao setor privado dos dois países. É um momento no mínimo curioso, em que a presidenta chega ao México, uma vez que os dois países têm em comum o fato de estarem lidando com grandes crises em seus setores petroleiros. Se Dilma Rousseff sofreu um golpe com as revelações de corrupção na Petrobras, o México vê sua estatal petrolífera Pemex em frangalhos com a forte desvalorização do petróleo e afogada em dívidas depois de uma reforma energética que lhe tirou subsídios estatais e abriu as portas para o capital estrangeiro.  

Turismo, um coringa

Sem dúvida, o turismo é um trunfo do México em sua relação com o Brasil e um setor que vem rendendo os primeiros frutos da relação Dilma - Peña Nieto. Os brasileiros sofrem com a alta do dólar, mas a desvalorização do peso mexicano continua sendo o grande atrativo para que o México seja um dos destinos preferidos internacionais. Atualmente, o câmbio está a 5 para 1, ou seja, 1 real equivale a 5 unidades da moeda mexicana, o que dá ao brasileiro grande poder de compra em terras mexicanas. Se Brasil e México não têm uma relação muito próxima, o primeiro passo para mudar isso foi dado no primeiro ano de mandato de Enrique Peña Nieto, de por fim à exigência de visto para brasileiros e mexicanos. Com a medida, implementada em 2013, o número de brasileiros que vieram ao México subiu de 80 mil para mais de 300 mil.  
 

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