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Linha Direta

Queda da cidade iraquiana de Ramadi para os jihadistas preocupa países vizinhos

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Milícias xiitas e comboios de tanques preparam uma contra-ofensiva para retomar a cidade iraquiana de Ramadi, na província de Anbar, que caiu nas mãos de militantes do Estado Islâmico no domingo (17). O revés sofrido pelo exército iraquiano revelou divisões entre governo e tribos sunitas, que até então não permitiam o envolvimento de milícias xiitas. A queda de Ramadi levou a incertezas em outros países árabes, como o Líbano, sobre a capacidade do Iraque em derrotar o grupo Estado Islâmico.

Um combatente do grupo Estado Islâmico hasteia bandeiras nas ruas desertas de Ramadi.
Um combatente do grupo Estado Islâmico hasteia bandeiras nas ruas desertas de Ramadi. AFP PHOTO / HO / AAMAQ NEWS AGENCY
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Tariq Saleh, correspondente da RFI no Líbano

O primeiro-ministro Haider al-Abadi autorizou o envolvimento de milícias xiitas que, junto ao exército iraquiano, foram decisivas na retomada de Tikrit e outras cidades. A queda de Ramadi para o Estado Islâmico é vista como um duro golpe para o governo de al-Abadi, que temia que o envolvimento de militantes xiitas treinados e apoiados pelo Irã agravaria a já complicada relação entre líderes sunitas e xiitas no Iraque.

Mas um acordo de última hora levou as tribos de Anbar a aprovarem uma incursão militar do exército apoiado pelas milícias xiitas. A situação em Ramadi é acompanhada com grande interesse no Líbano e em outros países árabes como a Jordânia, com suas fronteiras expostas a avanços de militantes islamitas.

Queda preocupante

O Líbano tem suas fronteiras com a Síria, um país em guerra civil, e com o Estado Islâmico obtendo mais avanços em território Sírio. Apesar de bombardeios aéreos da coalizão liderada pelos Estados Unidos e do envolvimento de tropas curdas, o grupo Estado Islâmico não dá sinais de enfraquecimento tanto na Síria quanto no Iraque.

Libaneses temem que a queda da cidade de Ramadi dará mais motivação para militantes do grupo Estado Islâmico na Síria, avançando ainda mais em direção à fronteira libanesa. Após Tikrit, outra cidade importante no Iraque, ter sido liberada em março pelo exército e milícias xiitas, o governo anunciou que avançaria para a região sunita de Anbar com o objetivo de liberar cidades das mãos dos jihadistas.

Essa ofensiva jamais aconteceu porque populações sunitas e líderes de Anbar viam as milícias xiitas com desconfiança. Relatos de atrocidades e atos de vingança de militantes xiitas em Tikrit contra a população local sunita elevaram esta tensão mútua.

Em algumas regiões, civis sunitas passaram a ser treinados pelo governo para combater o Estado Islâmico em Anbar e evitar o envolvimento de milicianos xiitas. Mas a estratégia não deu resultados, já que muitos sunitas mostram ressentimentos com o governo e vêem o primeiro-ministro al-Abadi como incapaz de conter o poder e a influência do Irã na política interna no Iraque.

Influência americana

A política do governo iraquiano em não enviar milícias xiitas a Ramadi e a província sunita de Anbar foi também devido a uma pressão do governo americano. Os Estados Unidos temiam que a presença de milicianos apoiados pelo Irã em cidades sunitas aumentaria as tensões sectárias no país. A política se mostrou desastrosa, e a mobilização das milícias xiitas para retomar Ramadi é também um duro golpe para o governo americano.

Os bombardeios aéreos da coalizão liderada pelos Estado Unidos contra o Estado islâmico mostram-se pouco eficazes até o momento. No domingo, aviões americanos bombardearam posições dos militantes islamitas nos arredores de Ramadi, causando pouco resultado e não foi o bastante para evitar a queda da cidade para o Estado Islâmico. Agora, a contragosto, os americanos admitem que a solução está nas milícias treinadas pelo Irã.

 

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