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Libération lembra estupros cometidos por soldados franceses na II Guerra Mundial

A Europa comemorou os 70 anos do final da Segunda Guerra Mundial com pompa. Mas um episódio, acontecido há 69 anos, é uma página sombria no passado militar da França. Na primavera de 1944, soldados franceses cometeram milhares de estupros na região do Lácio, no centro da Itália. O exército nunca se desculpou, mas as vítimas não se esqueceram, como constatou o jornal Libération.

Desfile em Paris para comemorar final da Segunda Guerra Mundial.
Desfile em Paris para comemorar final da Segunda Guerra Mundial. Keystone/Getty Images
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A confusão ainda era grande em maio de 1944, na Itália, com a dança recente de uniformes: Mussolini caiu e os aliados chegaram à Sicília. No dia 11 de maio, as forças aliadas vencem a batalha de Monte Cassino, depois de seis meses de guerra e perdas humanas consideráveis.

Entre 15 de maio de 1944 e começo de julho, milhares de soldados do Corpo Expedicionário Francês (conjunto de quatro divisões compostas de 60 % de militares recrutados nas colônias francesas da África do Norte) chegam a pequenos vilarejos do Lácio. Os habitantes esperam o final da guerra, mas é o início de um pesadelo.

Mulheres, homens, crianças, idosos, civis de 8 a 72 anos são vítimas de violência sexual. O número de delitos varia entre os historiadores, dependendo das fontes. As associações das vítimas falam em 60 mil.

Testemunhos

O jornal Libération falou com sobreviventes do tormento. Como Elide, que tinha 15 anos em 1944. Ela relata como foi estuprada, na frente da mãe e da tia. A chegada de soldados canadenses a salvou. Elide lembra ainda o caso de Valentina, 17 anos, violada por 40 soldados.

Pietro, de 86 anos, conta o que viveu aos 15 anos: “Eles me trataram como uma mulher, fizeram de tudo, como animais, e ainda atiraram em mim”, diz, mostrando uma cicatriz na altura do pescoço.

Para Emiliano Ciotti, presidente da associação de vítimas, que armazena arquivos desde 2010, “a França precisa reconhecer a existência desses estupros, para que sejam inscritos na história da Liberação, nos livros, para que isso nunca mais se repita”.
 

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