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Linha Direta

Exército entra na luta contra violência xenófoba na África do Sul

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Onze pessoas foram detidas na noite desta terça-feira (21) em Joanesburgo, suspeitas de terem participado da onda de violência contra imigrantes. De acordo com as redes locais de televisão, o grupo foi detido durante uma operação conjunta da polícia e do exército que teve o apoio de helicópteros. Em uma das casas revistadas, as forças de segurança encontraram produtos roubados de lojas que foram saqueadas por pertencerem a estrangeiros.

Violência contra estrangeiros em frente de um centro de acolhimento em Joanesburgo.
Violência contra estrangeiros em frente de um centro de acolhimento em Joanesburgo. REUTERS/Siphiwe Sibeko
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Mariamo Assamo, correspondente da RFI em Joanesburgo

A ofensiva é vista como uma resposta tardia do governo às críticas de que ficou passivo enquanto diversas comunidades de imigrantes eram atacadas. Até o momento, os ataques xenófobos deixaram sete mortos e mais de 300 feridos.

Os atos, que começaram em Durban e se estenderam a Joannesburgo, visaram imigrantes de países vizinhos da África do Sul como Moçambique, Maláui e Zimbábue. Estes foram os piores ataques contra os estrangeiros desde a onda de violência que fez mais de 60 mortos em 2008.

A correspondente da RFI em Joanesburgo Mariamo Assamo avalia que os ataques refletem as frustações da maioria negra no país. Isso porque, passados mais de 20 anos do fim do regime segregacionista do Apartheid, os negros ainda compõem a imensa maioria das classes subalternas sul-africanas.

"Os nacionais julgam que os estrangeiros vêm para levar os seus empregos e aumentar a criminalidade", conta Mariamo. "A África do Sul, tem uma população de mais de 50 milhões, é o lar para cerca de 5 milhões de imigrantes. A taxa de desemprego ronda os 25 por cento e o desemprego juvenil ultrapassa os 40 por cento".

Palpite infeliz

O estopim da violência teria sido uma declaração do rei zulu Goodwill Zwelithini, que teria recomendado que os estrangeiros fizessem suas malas e deixassem a África do Sul. "O Rei negou que tivesse pregado a expulsão de estrangeiros na Africa do Sul", relata a correspondente da RFI em Joanesburgo Mariamo Assamo.

Ele teria apenas pedido ao governo de Jacob Zuma que melhorasse o controle nas fronteiras terrestres. Por isso, Zwelithini, que é uma liderança política importante no país, acusou a imprensa de distorcer as suas declarações e pediu à policia para investigar os responsáveis.

Para tentar impedir novos ataques, o ministério sul-africano da Defesa anunciou na terça-feira (21) o envio de tropas do exército às ruas para reforçar a segurança. Nesta quarta-feira, o presidente Jacob Zuma inicia um diálogo com diversos setores da sociedade para discutir questões relacionadas à imigração no país.

Amanhã, ele se encontra com representantes de refugiados e dos estrangeiros que pedem asilo. Associações de defesa dos imigrantes estão programando uma manifestação em Joanesburgo para dizer não à "xenofobia".
 

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