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Linha Direta

Pequim vai monitorar turistas chineses mal-educados

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Nunca tantos chineses puderam visitar outros países. A China vê a cada ano o aumento do número de nacionais que passam férias no exterior. No entanto, o número de incidentes envolvendo os turistas chineses também cresceu. Nos últimos anos, o governo chinês tem se empenhado em erradicar a imagem negativa associada aos viajantes chineses. Essa semana, a China deu um novo passo para evitar que chineses desrespeitem regras de convívio dos países de destino e anunciou que vai monitorar os cidadãos com mau comportamento.

O destino de cerca de 3% dos turistas chineses é a Europa.
O destino de cerca de 3% dos turistas chineses é a Europa. RFI
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Luiza Duarte, correspondente da RFI em Hong Kong

Chineses que fizerem algo ilegal ou inapropriado no exterior serão monitorados. O governo do país anunciou que vai registrar casos de “mau comportamento”, para inibir as ações que têm provocado a má fama dos turistas chineses.

Segundo a autoridade chinesa responsável pelo turismo, viajantes serão contatados assim que voltarem ao país, para repararem o que fizeram. No entanto, o comunicado não deixa claro de que forma isto será operado, mas indica que polícia, controle de fronteiras ou até agências de crédito bancário podem ser acionadas. O órgão alega que a supervisão é necessária já que “o turismo reflete a imagem do país e de sua população”.

Cartilha com regras de etiqueta

Em 2013, a China publicou uma cartilha de 64 página intitulada de “Regras de Etiqueta de Turismo para os Cidadãos Chineses Viajarem ao Exterior". O documento indica as linhas gerais do “bom comportamento”, segundo padrões internacionais.

Dentre os conselhos para os viajantes estão: não danificar equipamentos públicos, não criar transtornos em transportes coletivos, não ignorar usos e costumes locais e respeitar religiões e o patrimônio histórico. O guia dá indicações sobre o uso das palavras “obrigada”, “por favor” e “com licença” e também sobre a utilização de banheiros, etiqueta para fotografias em lugares públicos e ainda sobre a proteção ao meio ambiente.

A publicação também tem o objetivo de controlar as práticas das agências de viagens, que são a escolha de mais de 40% dos turistas do país. Os guias de viagem, devem ser os primeiros a dar o “bom exemplo”, de acordo com a publicação.

Perfil do turista chinês

Os turistas chineses são os que gastam mais. Em 2013, eles deixaram no exterior US$ 129 bilhões. O valor ultrapassa em muito os US$ 89 bilhões gastos no mesmo ano pelos turistas norte-americanos, que aparecem em segundo lugar neste ranking.

A segunda maior economia do planeta é também o país com maior população e onde a classe média vive uma forte expansão. De acordo com dados da Organização Mundial do Turismo (OMT), o número de viagens internacionais efetuadas por chineses foi multiplicado por 10, entre o ano 2000 e o último ano. Autoridades chinesas estimam que este número, que hoje é superior a 100 milhões, possa chegar a 500 milhões nos próximos quinze anos.

No entanto, númerosos incidentes recentes envolvendo esses turistas têm sido registrados, principalmente em transportes aéreos. Em dezembro, um turista chinês virou manchete, quando abriu a porta de emergência de um avião prestes a decolar, colocando em risco todos os passageiros, “pois queria respirar ar fresco”.

Hong Kong é principal destino dos chineses

Os moradores de Hong Kong conhecem bem os turistas chineses. Essa região administrativa especial é o principal destino deles. Ano passado, os hongkongueses receberam mais de 47 milhões de turistas vindos da China, um aumento de 16% em relação a 2013. O volume representa cerca de 70% de todo o turismo chinês. A Europa é a escolha de pouco mais de 3% desses viajantes. Mais de 89% deles preferem destinos mais próximos e optam pelo continente asiático.

Em Hong Kong, muitos não escondem a antipatia pelos visitantes chineses. Diversas manifestações já foram organizadas pelos residentes contra a entrada em massa dos vizinhos e, sobretudo, contra o comportamento visto como “não civilizado e grosseiro”.

As queixas vêm do frequente desrespeito às normas da ex-colônia britânica, onde é proibido comer nos transportes públicos, cuspir no chão e atravessar a rua com sinal vermelho. Brigas não são raras, quando, por exemplo, pais chineses deixam seus filhos pequenos fazerem necessidades na rua. Os hongkongueses reclamam ainda que chineses falam alto e não respeitam filas.

Por outro lado, a mídia local tem ponderado sobre a intolerância crescente dos moradores desse território chinês, que também estaria associada às disputas políticas com a China.

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