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Moda francesa quer vender o “made in France” além do luxo

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Produzir na França e consumir produtos franceses. Em tempos de globalização, essa frase ganha ares de batalha entre Sansão e Golias. Mas algumas marcas investem nesse filão, inclusive com o apoio do governo, para vender o “Made in France” no território francês e também no exterior. O salão Made in France, realizado em Paris nos dias 7 e 8 de abril, apresenta alguns desses fornecedores, que contam encontrar novos clientes, bem além do setor do luxo.

O salão Made in France reúne mais de 100 expositores que fornecem e prestam serviços para marcas de moda.
O salão Made in France reúne mais de 100 expositores que fornecem e prestam serviços para marcas de moda. www.salonmadeinfrance.com
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Os setores que mais exportam na França são a aeronáutica, com os aviões da Airbus, química, perfumaria e cosmético, com com a L’Oreal, ou ainda a agricultura. Mas em termos de imagem e de representatividade, o setor do luxo ainda é a principal vitrine do “Made in France”.

Só para ter uma ideia, as marcas francesas detém atualmente cerca de 25% do mercado mundial no setor do luxo. E se nomes como Dior, Chanel ou Hermès são importantes símbolos de um ideal da sofisticação parisiense no exterior, eles também dão trabalho para vários ateliês de artesãos, curtumes e fabricantes de tecidos. Esse profissionais fornecem não apenas matéria-prima, mas também mão-de-obra para fabricar os produtos que vão encher vitrines das luxuosas boutiques nas principais avenidas e shoppings do planeta.

No entanto, os fornecedores franceses querem mostrar que suas técnicas e experiências podem render negócios bem além do mundinho seleto do luxo e da alta-costura. Esse é um dos objetivos do salão Made in France, realizado nos dias 7 e 8 de abril em Paris. O evento reúne 103 empresas, entre confecções, fabricantes de acessórios e fornecedores de matéria-prima, que buscam novos clientes, embaladas pelo preocupação cada vez maior dos consumidores com a procedência do que compram. “Estudos mostram que 92% dos franceses gostariam de consumir mais produtos 'Made in France'. Já na moda e no setor têxtil, esse número chega a 60%, o que abre várias perspectivas”, comenta Agnès Etame Yescot, comissária do salão.

Mudança de postura após a crise econômica

Segundo a ela, a grande mudança começou com a crise econômica que atingiu o mundo em 2008, quando vários países se deram conta que o valor agregado de seus produtos poderia salvá-los. No caso da França, onde algumas empresas fecharam suas portas e técnicas artesanais e de produção começaram a desaparecer, diversas campanhas foram organizadas para mobilizar os diferentes setores, que temiam ver a indústria extinta. Para promover a produção local, Arnaud Montebourg, ex-ministro francês da Economia, chegou a posar na capa de uma revista vestido com uma blusa de marinheiro produzida na França.

Mas o ponto delicado no debate sobre a produção interna é quase sempre a questão do custo. Afinal, os gigantes asiáticos ainda praticam preços imbatíveis, principalmente quando se produz em grandes quantidades. Mas para Agnès Etame, “não se paga necessariamente mais caro pelo 'Made in France'. Basta ver o exemplo de empresas como a Compagnie Vosgienne de la Chaussure, exposta no salão, e que fornece calçados para marcas acessíveis, como La Halle. Cada par de sapato é vendido por cerca de 75 euros, o que não é exorbitante. Então é possível se vestir de Made in France com preços razoáveis”.

Segundo a comissária, ainda é preciso fazer um trabalho de conscientização do consumidor. “Na cabeça das pessoas ainda há uma certa confusão entre as grandes marcas, como Hermès ou Chanel, que vendem produtos menos acessíveis. Mas é preciso saber que também há marcas menos premium que propõem produtos 'Made in France' com preços abordáveis”.

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