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Imprensa/Papa

Após dois anos de pontificado, Francisco tem grandes desafios para reformar Igreja

Os próximos meses serão decisivos para ver a capacidade do papa em reformar a Igreja Católica, estima nesta sexta-feira (13) o jornal Le Figaro, que dedica uma extensa reportagem por ocasião dos dois anos de seu pontificado. O diário concentra sua análise nos próximos desafios de um papa "hiperativo" e que continua sua cruzada para transformar o Vaticano e modernizar a Igreja.  

O papa Francisco na Catedral de Manila, em janeiro de 2016.
O papa Francisco na Catedral de Manila, em janeiro de 2016. REUTERS/Romeo Ranoco
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Para o jornal conservador, chegou o "momento da verdade" para o papa Francisco. "O primeiro papa argentino da história já chacoalhou a Igreja, mas ainda tem muito o que fazer", escreve o diário. Para Le Figaro, Francisco, de 78 anos, já moveu "céu e terra para sacudir a Igreja Católica" que "há anos está anestesiada por seus velhos hábitos".

Segundo o diário, desde que a assumiu o cargo, no dia 13 de março de 2013, o sumo pontífice já abriu duas “frentes” para reformas consideradas "impossíveis". No interior do Vaticano, ele desafia o poder da Cúria Romana, a administração central que conquistou tanto poder a ponto de ter conseguido isolar o papa anterior, Bento 16.

Para os fiéis, o jesuíta Francisco quer substituir a "exigência moral por uma cultura da 'misericórdia de Deus', aberta a todas as situações pessoais', de acordo com o jornal.  É o que ele chama de "revolução da ternura", destaca Le Figaro.

O ponto alto de um ano decisivo culminará no Sínodo da família, que discutirá temas como o casamento de pessoas divorciadas e a homossexualidade. O grande debate sobre esses assuntos deve expor as tensões que existem dentro da hierarquia católica.

Religiosos, principalmente africanos, se mobilizam para frear os avanços defendidos pelo papa, afirma Le Figaro. O cardeal Robert Sarah, entrevistado pelo jornal, alerta para as dificuldades que Francisco vai enfrentar.

Responsável da Congregação para o culto divino, o guineano Sarah lamenta que "pessoas dentro da Igreja afirmem convicções pessoais que contradizem os ensinamentos de Jesus". Segundo o cardeal, a Igreja Católica não deve abandonar o que “ela sempre acreditou e pregou durante mais de 2 mil anos”.

Lista dos principais desafios

Le Figaro cita três grandes assuntos espinhosos e arriscados para Francisco e para uma Igreja Católica em pleno período de questionamentos sobre uma eventual abertura à modernidade.

O primeiro desafio, na análise dodiário, é saber se o “capital de simpatia” de Francisco será benéfico apenas para sua imagem pessoal ou se traduzirá concretamente em um aumento do trabalho de evangelização da Igreja. Le Figaro lembra que a popularidade do papa atinge hoje 70% nos Estados Unidos e, entre os católicos, subiu de 84% para 90%.

Padres e bispos constatam que esse papa tão popular como João Paulo II não desperta tanto interesse dos fiéis para a carreira religiosa. O que fica evidente, segundo eles, é uma imensa expectativa suscitada por Francisco para fazer a Igreja evoluir em diversos temas.

O segundo desafio listado pelo jornal conservador, que considera "a batalhas de todas as batalhas", é a discussão sobre a abertura da Igreja Católica para os divorciados que se casaram novamente e os gays.

O Sínodo de outubro, que resultará em um documento com caráter consultativo, é que vai decidir por uma evolução ou não nesses temas. Le Figaro lembra que na primeira sessão da assembleia, composta por 250 bispos e especialistas reunidos em Roma, uma ampla maioria rejeitou mudanças nesses dois pontos.

O terceiro grande desafio para o novo ano do pontificado é a preservação da unidade católica. O papa pretende melhorar as relações entre Roma e as dioceses espalhadas pelo mundo. "Dar maior autonomia às conferências episcopais é um projeto especial para Francisco", diz o jornal. Mas colocá-lo em prática é complexo porque mexe com uma doutrina há séculos centrada na Santa Sé, coração do poder católico. Aliás, essa nova relação entre Roma e as dioceses está no centro da reforma em curso da Cúria, destaca o artigo.

Neste ponto, os cardeais não escondem sua oposição ao projeto de Francisco. Eles "temem dilapidar o capital de união que garante o poder da Igreja Católica em todo o mundo", conclui Le Figaro.
 

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