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Linha Direta

Extrema direita da Dinamarca teme que brasileiros tentem entrar em universidades do país

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O maior partido de extrema direita da Dinamarca, o Partido Popular, teme que jovens brasileiros se aventurem no país para tentar receber bolsas de estudos e estudar gratuitamente. O temor surgiu depois de uma atualização publicada no Facebook pelo Instituto Cultural da Dinamarca do Rio de Janeiro.

Nota publicada no Facebook da embaixada da Dinamarca no Brasil que destacava a facilidade para os jovens estrangeiros obterem bolsas de estudo no país.
Nota publicada no Facebook da embaixada da Dinamarca no Brasil que destacava a facilidade para os jovens estrangeiros obterem bolsas de estudo no país. facebook.com/dinamarcanobrasil
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Margareth Marmori, correspondente da RFI em Copenhague

A atualização no Facebook da instituição perguntava: “Você já pensou em estudar na Dinamarca?”.  A nota explicava que no país “as universidades são públicas e a maioria dos estudantes recebe bolsas de estudo do governo”. Com o texto havia o link de uma matéria do jornal norte-americano The Washington Post sobre os benefícios concedidos aos estudantes universitários e de escolas técnicas da Dinamarca.

O Partido Popular, de extrema direita, não gostou da nota porque achou que ela parecia um convite aos brasileiros para estudar de graça no país escandinavo. O Partido reclamou oficialmente ao Ministério da Cultura da Dinamarca, que é responsável pela manutenção do Instituto Cultural na cidade do Rio.

O parlamentar do partido, Alex Ahrendtsen, protestou dizendo: “Já temos problemas demais com os europeus orientais e outros estrangeiros que vêm para cá e estudam de graça”.

Estudantes estrangeiros

Nos últimos anos, o número de estudantes do Leste Europeu que vêm estudar na Dinamarca aumentou muito e, com eles, cresceram as despesas do governo com o pagamento da bolsa de estudos. Em 2008, havia apenas 341 estudantes europeus recebendo o benefício. No ano passado, esse número cresceu 13 vezes e chegou a mais de 4600 estudantes, de acordo com o jornal Jyllands Posten.

Na Dinamarca, o ensino superior e de nível técnico é público e gratuito. Além disso, todos os estudantes dinamarqueses têm direito a uma bolsa de estudos no valor de 5 mil 900 coroas, o que equivale a cerca de 2 mil e 600 reais por mês. Antes, o benefício só era pago aos dinamarqueses ou estrangeiros que já tivessem residência oficial na Dinamarca, mas, em 2008, a União Europeia determinou que o país estendesse o benefício a todos os estudantes europeus.

O parlamentar Alex Ahrendtsen disse que ficou um pouco indignado porque o Instituto fez propaganda indevida de “como é fácil conseguir dinheiro e educação gratuita na Dinamarca”. Para ele, isso poderá estimular as pessoas a tentarem a sorte país.

Regras rígidas

Na verdade as regras não são tão rígidas para os jovens europeus, mas para pessoas de outras partes do mundo, inclusive do Brasil, é tudo muito mais complicado. É preciso, por exemplo, ser filho de estrangeiros residentes aqui ou ser casado com um dinamarquês. Os refugiados e os estrangeiros que trabalham ou que vivem na Dinamarca há pelo menos cinco anos também podem frequentar gratuitamente as instituições de ensino do país e receber a bolsa de estudos.

Os brasileiros que conseguiram ver a nota do Instituto no Facebook podem, portanto, ter tido uma ideia errada da facilidade de acesso ao sistema de ensino dinamarquês. Aliás, a nota só foi retirada do Facebook ontem, mais de duas semanas depois de ter sido publicada.

A ministra da Cultura, Marianne Jelved, determinou que o Instituto Cultural da Dinamarca emitisse um comunicado pedindo desculpas pelo mal-entendido. A intenção, segundo o instituto, era apenas informar os brasileiros sobre aspectos da sociedade dinamarquesa e não encorajar os brasileiros a tentarem estudar na Dinamarca.

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