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Linha Direta

Uso de energia nuclear ainda é polêmico no Japão, 4 anos após Fukushima

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O Japão lembra nesta quarta-feira (11) os quatro anos do terremoto seguido de tsunami que devastou a região nordeste do país e matou cerca de 18 mil pessoas. O desastre provocou ainda o pior acidente nuclear depois de Chernobyl, e, até agora, o assunto é polêmico. O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, quer religar algumas das usinas e voltar a utilizar a energia nuclear, mas parte da sociedade é contra.

Peritos fazem controle na usina nuclear de Fukushima.
Peritos fazem controle na usina nuclear de Fukushima. REUTERS/Tomohiro Ohsumi
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Ewerthon Tobace, correspondente da RFI em Tóquio

Durante todo o dia, as emissoras de tevê transmitiram programas especiais sobre a tragédia. A data foi lembrada ainda em todo o país, que fez um minuto de silêncio exatamente às 14h46, horário em que o tremor de 9 graus de magnitude atingiu a região nordeste do Japão e provocou ondas gigantes que varreram cidades inteiras.

Desde 2011, muita coisa já foi feita. Quase todo o lixo já foi retirado e a infraestrutura das cidades praticamente já está funcionando. Mas ainda há muito trabalho e a reconstrução não evoluiu como previsto. Só para se ter uma ideia, quase 230 mil pessoas continuam vivendo em casas provisórias.

Para tentar acelerar o trabalho, o primeiro-ministro Shinzo Abe anunciou ontem um novo plano de cinco anos. Mas esta fase só terá início em 2016. O líder japonês prometeu mais esforços do governo para ajudar os que foram afetados pela tragédia e disse ainda que vai revitalizar a província de Fukushima, seriamente atingida pelo desastre nuclear. O plano do governo é transformar a região em um polo de pesquisas tecnológicas de ponta e de novas indústrias, principalmente na área de robôs e de fontes de energia renováveis.

Energia nuclear

Esta semana houve alguns protestos no Japão contra o uso da energia nuclear. O tema é quase um tabu no país, principalmente depois que Shinzo Abe tomou posse, em 2012. O premiê quer voltar a utilizar ainda este ano algumas das usinas nucleares japonesas, que estão desligadas desde 2011. No entanto, parte da sociedade é contra.

Antes do desastre, cerca de 30% da energia consumida no Japão era proveniente de usinas nucleares. Nos últimos quatro anos, o país foi obrigado a aumentar a importação de combustíveis fósseis para suprir a demanda. Isso fez com que o Japão deixasse de ter superávits e, no ano passado, registrou o pior déficit comercial de toda a sua história.

Mas pior do que o estrago causado na economia ou até pelo tsunami é a situação de Fukushima, que está longe de ter uma solução. Segundo cálculos do Centro Japonês para Pesquisa Econômica, a limpeza da região levará ao menos mais 30 anos. Cerca de 71 mil pessoas, que foram obrigadas a abandonar suas casas por causa da contaminação nuclear, ainda não têm data para voltar e vivem em abrigos temporários.

Além disto, os produtos da província enfrentam um forte preconceito dos japoneses, que evitam consumi-los por medo de estarem contaminados.

Contaminação controlada?

O governo diz que está tudo sob controle na usina nuclear acidentada, mas esta semana Reiko Fujita, a chefe da Sociedade de Energia Atômica do Japão, pediu mais transparência no setor. Ela disse que a falta de um reconhecimento franco dos problemas e de um debate aberto é uma questão muito séria no caso de Fukushima.

A especialista lembrou que o papel dela na comunidade acadêmica é trazer mais transparência para o setor. Disse ainda que membros da Sociedade de Energia Atômica do Japão vão continuar fazendo o possível para garantir que um acidente como o da usina Fukushima nunca volte a acontecer.

Japão é uma região de risco

O Japão é um país sujeito a constantes terremotos. Apesar de o país estar preparado para grandes tremores, tragédias como a de 2011 sempre afetam psicologicamente as pessoas. Desde aquele ano, pouco mais de três mil pessoas que viviam em moradias improvisadas morreram devido a doenças e suicídios.

Além disto, de acordo com uma análise do Instituto de Pesquisa Internacional de Ciências de Desastres, o número de terremotos em algumas regiões do Japão está 100 vezes superior ao que ocorria antes do desastre. Segundo a Agência Meteorológica do Japão, só no período de 11 de março de 2014 até o dia 7 de fevereiro deste ano, foram registrados 737 abalos na região leste do Japão. Há 10 anos, foram 306 terremotos no mesmo período e local. Por isso, o governo tem investido em estruturas e tecnologias para garantir a segurança das pessoas em caso de terremoto ou de tsunami.

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