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Planeta Verde

Resultado da “Diplomacia do Panda”, ursos chineses se adaptaram bem à França

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Os pandas gigante Yuan Zi e Huan Huan chegaram ao aeroporto de Paris, no início de 2012, sob holofotes e câmeras de televisão. O empréstimo dos dois ursos marcou a retomada da “Diplomacia do Panda” entre França e China, que havia durado entre 1973 e 2000. Três anos depois, a dupla está bem adaptada no zoológico de Beauval, a 220km de Paris, e se prepara para um desafio não tão óbvio para a espécie: procriar. A empreitada é acompanhada por milhares de fãs espalhados por toda Europa.

O panda macho Yuan Zi não quer saber de companhia.
O panda macho Yuan Zi não quer saber de companhia. ZooParc de Beauval
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A Diplomacia do Panda praticada pelo governo chinês consiste em presentear países com ursos como sinal de boas relações diplomáticas e já dura séculos. Foi bastante utilizada no período maoísta – estima-se que a China tenha doado 23 pandas entre 1957 e 1982. Nos anos 80, sob críticas do movimento ambientalista, a doação de pandas foi substituída pelo empréstimo, que dura 10 anos e é permanentemente monitorado por especialistas chineses, para garantir o bem-estar dos animais.

Nem sempre o gesto diplomático funciona. Taiwan, por exemplo, já recusou por quatro vezes os pandas oferecidos por Pequim, em sinal de repúdio à política autoritária do vizinho. Por fim, acabou não resistindo e aceitando um casal, em 2006, demonstrando o poder de persuasão dos pandas.

Desafio: fazer filhotes

O presidente Georges Pompidou recebeu o primeiro casal de pandas para a França em 1973. Na época, Yen-Yen e Li-Li tiveram dificuldade em procriar – até que os tratadores descobriram se tratar de dois machos. Yen-Yen, o mais longevo, morreu no ano 2000, no zoológico de Vincennes, gerando comoção nacional. Desde então o país passou a trabalhar para substituí-lo.

“A iniciativa foi nossa, mas contamos com a ajuda do então presidente Nicolas Sarkozy, que negociou diretamente com o presidente chinês. Foi preciso o envolvimento de ministros e embaixadores”, explica Rodolphe Delord, diretor do zoo de Beauval. “Os pandas são o tesouro nacional chinês, é um símbolo de paz e amizade para eles.”

As negociações culminaram com a chegada, em 2012, de Yuan Zi e Huan Huan (cujos nomes podem ser traduzidos como “bochechudo” e “alegre”) a um custo de quase € 2 milhões. Agora que chegaram à vida adulta, eles vivem separados, de acordo com a natureza solitária dos pandas gigante. Desde o ano passado, os tratadores do zoo de Beauval tentam aproximá-los para reprodução, mas o macho, Yuan Zi, não parece pronto para o desafio. Ele não demonstrou nenhum interesse por Huan Huan na primeira tentativa, no ano passado.

“Ele era muito jovem. E naturalmente a reprodução é difícil. Os pandas macho têm uma libido muito fraca”, justifica a tratadora Delphine Pouvreau, que convive diariamente com o casal. Antes da chegada de Yuan Zi e Huan Huan, Pouvreau visitou Espanha, Áustria e China em busca de formação para lidar com os ursos. “É um animal único na França e a cada dia é uma surpresa. Descobrimos o cotidiano deles aos poucos”, descreve a tratadora, que teve acompanhamento de ume equipe chinesa nos dois primeiros anos.

O tempo começa a passar para a reprodução e os tratadores esperam que Yuan Zi tome a iniciativa no mês que vem. “Teremos bebês logo”, promete o diretor do zoo. “Em março teremos o primeiro calor do ano e deve funcionar”. Se Yuan Zi continuar preferindo brincar com os bambus, será preciso recorrer a uma inseminação artificial em Huan Huan, trazendo uma equipe especializada da China.

Panda Awards

O interesse dos franceses pelos pandas gigantes não é de hoje: foi o missionário e botânico Armand David que “descobriu” a espécie e a apresentou ao Ocidente, em uma de suas expedições à Ásia no final do século 19. Em Beauval, o casal urso fez saltar de 600 mil para 1 milhão de pessoas a visitação anual do zoo, que recebe grupos de fãs vindos de toda Europa.

Um deles é o micro-empresário belga Jeroen Jacobs, de 29 anos, que há 15 criou o site Giant Panda Zoo. Ele viu os primeiros pandas no zoo de Antuérpia, quando tinha apenas três anos, e desde então se tornou um fã. Já viajou para nada menos que 15 países para ver pandas em 40 zoos diferentes. Jacobs conhece os animais pelo nome, em qualquer zoológico do mundo que visitar.

Com toda essa expertise, há três anos ele resolveu conceder anualmente o Panda Awards, um prêmio para os melhores zoológicos, tratadores e ursos, com votação do público. “Como o início do ano tem premiações como Oscar e o Cesar, achei que era uma época apropriada para premiarmos também os pandas e as pessoas envolvidas”, explica Jacobs.

No prêmio deste ano, que teve 250 mil votantes, Beauval recebeu pela terceira vez o Panda Awards de melhores instalações para pandas, graças ao ambiente climatizado que faz Yuan Zi e Huan Huan se sentiram no inverno mesmo no verão. “Foi um prêmio muito merecido, os ursos estão muito felizes em Beauval. Eles têm tudo que precisam”, atesta o especialista. A tratadora Delphine Pouvreau, que estava entre os finalistas na categoria Tratador do Ano, acabou não levando o troféu. “Fui indicada e perdi para um chinês. Mas não tem problema. Estou contente que o zoologico tenha vencido”, conforma-se.

 

 

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