Ao contrário do Brasil e da Austrália, onde as camas ou cabines de bronzeamento artificial são proibidas, o procedimento ainda é comum na França. Mas pode estar com os dias contados, pois a Academia Nacional de Medicina acaba de pedir a interdição do tratamento, por causa dos riscos de câncer de pele e diante de uma legislação mal aplicada.
Segundo o Instituto de Vigilância Sanitária da França, pelo menos 350 casos de melanoma e 76 mortes poderiam ser atribuídos a cada ano às cabines de bronzeamento. O órgão alerta que o número de óbitos pode atingir entre 500 e 2.000 nos próximos 30 anos.
A Academia Nacional de Medicina lembra que a exposição aos raios UVA não protege a pele e não fornece vitamina D. Ela lamenta também que a regulamentação, reforçada em 2013, não tem sido aplicada corretamente.
Riscos de melanoma
No Brasil, as cabines foram proibidas em 2009, após um estudo da Agência Internacional para Pesquisa sobre Câncer, ligada à Organização Mundial da Saúde (OMS). Segundo o relatório, o bronzeamento artificial aumenta em até 75% o risco de melanoma, o câncer da pele mais perigoso.
“A radiação UVA das cabines penetra profundamente na pele, provocando manchas, rugas que levam aos sinais de envelhecimento precoce, além de estimular o melanoma”, diz Reinado Tovo Filho, presidente da regional de São Paulo da Sociedade Brasileira de Dermatologia, e chefe do departamento de Dermatologia do Hospital Sírio-Libanês.
Culto ao bronze
O dr. Tovo lembra que a cultura do bronzeamento teve início com a revolução industrial, quando os camponeses, antes bronzeados, passaram a trabalhar em fábricas, ficando mais pálidos. A nova moda do bronzeamento foi lançada pela estilista francesa Coco Chanel. Ter a pele dourada passou a ser então um diferenciador social, de uma classe mais abastada e ociosa, com tempo livre e condições financeiras para frequentar praias e balneários.
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