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França deve antecipar novas medidas para combater terrorismo

Dois dias depois da marcha histórica que levou quase 4 milhões nas ruas da França, a imprensa francesa desta terça-feira (13) questiona quais devem ser os próximos passos no combate ao terrorismo e como a sociedade e o governo devem enfrentar as tensões que atingem principalmente a comunidade judaica. 

Manifestação do dia 11 de janeiro, em Paris.
Manifestação do dia 11 de janeiro, em Paris. Nina Carel / RFI
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Depois de reforçar a presença de soldados nas ruas, o governo deve acelerar medidas de combate ao terror, revela o jornal conservador Le Figaro em uma extensa reportagem que tem como manchete: "as primeiras medidas antiterroristas para responder à emoção".

Depois do impacto da violência dos ataques e também da mobilização popular demonstrada no domingo, Le Figaro diz que o governo francês está disposto a reforçar o arsenal de medidas existentes, ao invés de criar novas regras que podem ser consideradas contrárias às liberdades individuais.

A prioridade da cúpula do governo socialista é se apoiar na lei antiterrorista votada em novembro de 2014 e na adoção de um novo projeto para melhorar o serviço de informações. A análise do texto estava prevista para o segundo semestre deste ano, mas deve ser antecipada. O projeto prevê, por exemplo, o isolamento de islamitas radicais nas prisões.

Em editorial, Le Figaro alerta que a esquerda francesa “deverá rever alguns de seus princípios e permitir a adaptação da legislação para garantir aos policiais os meios necessários para identificar e neutralizar os terroristas”.

Parte da base do governo critica medidas que considera um atentado às liberdades individuais, lembra o jornal. O editorial também defende condenações mais pesadas para os jovens jihadistas em fase de aprendizado e também a detenção deles, o que vai exigir a construção de novas prisões.

Combate a “idéias odiosas”

O diário econômico Les Echos diz que medidas urgentes já foram tomadas, como o envio ontem de 10 mil policiais às ruas para proteger locais considerados "sensíveis" em todo o território nacional. Além disso, 4.700 policiais foram deslocados para garantir a segurança das mais de 700 escolas judaicas do país.

O primeiro-ministro francês, Manuel Valls, vai divulgar nesta quarta-feira novas medidas de longo prazo para reforçar o arsenal anti-terrorista, escreve Les Echos. Uma das prioridades do premiê será o combate da divulgação de "ideias odiosas" pela internet. O ministério do Interior já havia identificado quase quatro mil mensagens fazendo apologia ao ataque contra o jornal Charlie Hebdo, escreve Les Echos.

E agora?

“Depois desse período de emoção, vem o período da ação”, escreve Aujourd’hui en France ao se referir a esse momento inédito, em que “uma nova página se abre na história do país”. " E como tirar proveito desse espírito de união nacional?", questiona o jornal.

Aujourd'hui en France lista uma série de medidas que provocam reações prós e contra. Entre os pontos de acordo estão: a melhoria do sistema de escutas telefônicas, o maior controle da internet e de recursos para a polícia e para os militares. Por outro lado, o aumento de celas nas prisões, a proibição do retorno de supostos franceses jihadistas ao país e a reforma do Islã na França são temas controversos.

Comunidade judaica com medo

Libération diz que os judeus na França vivem entre o medo e a esperança. Medo por serem novamente alvos de ataques, como o que aconteceu contra o supermercado kasher no leste de Paris, e por outro lado, esperança depois da solidariedade inédita vista no país nos últimos dias.

Desde os atentados de Toulouse, em 2012, contra escolas judaicas, “essa comunidade vive com medo, mas a marcha republicana de domingo foi um conforto para os judeus que pensam cada vez mais em trocar a França por Israel”, avalia o Libé.

 

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