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Reportagem

Após atentado, franceses se unem em minuto de silêncio nacional

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Um dia depois do ataque à redação da revista Charlie Hebdo, a França parou nesta quinta-feira (8) para homenagear as vítimas. Todas as repartições públicas do país fizeram um minuto de silêncio, ao meio-dia em ponto. Empresas, lojas e até os transportes também pararam por um minuto, além de muitos veículos de imprensa. O presidente, François Hollande, participou da cerimônia na sede da polícia, em Paris, ao lado da cúpula policial.

Jovens levam cartazes com a mensagem "je suis Charlie", que se tornou símbolo da reação ao ataque.
Jovens levam cartazes com a mensagem "je suis Charlie", que se tornou símbolo da reação ao ataque. RFI
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A poucos metros dali, centenas de franceses ignoraram o frio e a chuva e se reuniram em frente à catedral de Notre-Dame, onde os sinos soaram por 15 minutos. O local, que em um dia comum é freqüentado principalmente por turistas, nesta quinta estava tomado por cidadãos comuns, que queriam homenagear os 12 mortos no atentado.

“Eles faziam parte da minha geração de jornalistas. Além disso, esse foi um ataque às nossas liberdades coletivas e individuais. Estou muito emocionada, muito triste”, diz Sophie. “Decidimos nos reunir para homenageá-los, dizer que estamos com eles. Para apoiar a liberdade da palavra, da imprensa, e para não nos deixarmos abater pelos acontecimentos de ontem. Queremos mostrar que somos mais fortes do que isso”, afirma o publicitário Quentin, que fechou a agência e foi com toda a equipe para o ato.

Já Sophie não conseguia conter as lágrimas, como tantos outros presentes na homenagem. “Eles são a nossa família. Acho que estamos todos emocionados hoje. É impossível não estar, porque eles fazem parte de nós”, explica. “Jamais fiquei abalada desta maneira.”

Choque

Sozinhos ou em grupos, católicos ou não, todos demonstravam consternação diante dos últimos acontecimentos. “Eu não concordava muito com a Charlie Hebdo, mas eu sou acima de tudo a favor da liberdade de imprensa e de expressão. Acho que, diante desses atentados odiosos e covardes, é melhor ficarmos unidos, e é por isso que estou aqui”, comenta Jean-Pierre. “Vim participar, estar com os outros neste momento, afinal é uma emoção comum. Não sei nem explicar, mas me pareceu óbvio estar aqui”, afirma Juliette, de 88 anos.

Em meio à multidão, o aposentado Christophe erguia uma caneta para lembrar que essa era a única “arma” dos cartunistas assassinados. “Estou aqui pela liberdade, para defender os valores. É um momento de virada na sociedade”, observa.

Sem medo

Apesar de a França ter acordado sob alta tensão, com os terroristas ainda em fuga, os franceses reunidos na Notre-Dame garantem: não estão com medo. Para eles, o ataque vai unir ainda mais a população e o governo contra o radicalismo.

“Não tenho medo. Realmente não tenho medo, e acho que nós não devemos demonstrar medo, porque é isso que eles querem. É preciso mostrar que somos mais fortes do que o terrorismo. Isso é o que conta”, constata Quentin. “Fico com medo em alguns momentos, mas isso não é o mais importante. O pior é a tristeza, a desolação, a violência, e uma grande incompreensão. Foi uma grande brutalidade”, lamenta Sophie. “Não, não tenho medo de jeito nenhum. Ao contrário, eu acho que precisamos viver normalmente e ainda mais intensamente”, avalia Christophe.

Manifestações

As bandeiras nacionais nas repartições públicas ficarão estendidas a meio-mastro até sábado. Dezenas de manifestações silenciosas estão marcadas para acontecer em todo o país nos próximos dias. A maior deve ocorrer na capital no próximo domingo (11), e vai contar com a presença das principais personalidades e lideranças políticas francesas, como o primeiro-ministro, Manuel Valls.

Na noite desta quinta-feira, uma nova vigília vai acontecer na praça da República, em Paris. Durante a noite, a iluminação da torre Eiffel será apagada em lembrança aos mortos.
 

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