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Linha Direta

Países sul-americanos esperam estímulo ao crescimento no novo governo de Dilma

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Não só os brasileiros vão estar atentos ao segundo mandato da presidente Dilma Rousseff. O comportamento da economia brasileira terá impacto direto no desempenho econômico dos países vizinhos. Ao mesmo tempo, a prioridade que o governo brasileiro dará à sua política externa também vai marcar o rumo da integração regional.

Presidenta Dilma Rousseff posa para foto oficial durante reunião da cúpula extraordinária de Chefes de Estado da UNASUL, em 29 de junho de 2012 em Mendoza, na Argentina.
Presidenta Dilma Rousseff posa para foto oficial durante reunião da cúpula extraordinária de Chefes de Estado da UNASUL, em 29 de junho de 2012 em Mendoza, na Argentina. Roberto Stuckert Filho/PR
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Márcio Resende, correspondente da RFI em Buenos Aires

Se a China é o motor dos emergentes de um modo global, o Brasil é o motor da América do Sul. Quando esse motor funciona, ele facilita a integração regional. Mas esse motor ficou em ponto morto durante o primeiro mandato da presidente Dilma. O crescimento econômico brasileiro desacelerou e os principais sócios comerciais no Mercosul entraram em recessão. E o projeto mais ambicioso de integração regional, o Mercosul, recuou. A expectativa em 2015 é que o Brasil faça reformas estruturais para voltar a crescer e estimular, assim, o crescimento dos países vizinhos.

Dilma privilegiou G-20 e Brics

Para além do discurso político de integração regional, pouco se viu em avanços na prática durante o primeiro mandato da presidente brasileira. Dilma Rousseff deu pouca importância ao Mercosul e à União Sul-americana de Nações, a Unasul, priorizando outros foros como o G-20 ou o BRICS (formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).

Apesar da sintonia ideológica entre o Brasil e os seus vizinhos, ao descuidar da América do Sul, o Brasil abandonou uma premissa do então governo Lula de que ninguém tem projeção como ator global se não lidera nem marca o rumo na sua região.

Argentina e Venezuela são dois países em recessão e submersos nas suas urgências domésticas. Essa situação altamente prejudicial ao Brasil não deve ser alterada em 2015. Por isso, é ainda maior a expectativa dos vizinhos de que o Brasil e a sua diplomacia sejam um fator de integração, de apoio político e de estabilidade na região.

Brasil perdeu terreno

O protagonismo brasileiro foi ofuscado por outras economias que têm registrado altas taxas de crescimento no continente latino-americano, como os países da Aliança do Pacífico formada por Chile, Colômbia, Peru e México. Além disso, a China ganhou ainda mais terreno entre os países da região, em detrimento do Brasil.
Para complicar o cenário regional, a Argentina, principal destino dos produtos manufaturados brasileiros, passa por uma situação econômica difícil.

Em 2006, o Brasil investiu cerca de US$ 1,3 bilhão Argentina. Em 2013, foi praticamente um terço desse montante: US$ 446 milhões. Em 2014, apenas um ano depois, foram insignificantes US$ 64 milhões. A China aproveitou a necessidade urgente de recursos da Argentina para ocupar o terreno brasileiro nesse país. Facilitando ainda mais a presença chinesa, o senado argentino aprovou na última segunda-feira (29) um convênio que dá às empresas chinesas acesso privilegiado a negócios em energia, minérios e agropecuária em troca de financiamento.

Ausência de Cristina Kirchner na posse

A maior ilustração do esfriamento das relações bilaterais Brasil-Argentina é a ausência da presidente Cristina Kirchner na posse da presidente Dilma nesta quinta-feira (1) em Brasília. Segundo analistas em Buenos Aires, a fratura do tornozelo esquerdo da presidente argentina é uma boa desculpa para ela não comparecer ao evento. Antes desse problema de saúde, Kirchner já tinha avisado à Dilma que não iria à cerimônia de posse.

Ela enviou como representante o vice-presidente, Amado Boudou, implicado em várias denúncias de corrupção e indiciado em dois casos: um por corrupção e outro por falsificação de documentos. O envio de um representante tão desprestigiado a Brasília foi classificado pela oposição argentina como uma ofensa ao Brasil.

Em 2015, será o último ano de mandato da presidente Cristina Kirchner. Resta esperar uma nova fase das relações bilaterais com o futuro presidente argentino que será eleito em outubro. Até lá, Dilma Rousseff tem o desafio de fazer o Brasil crescer para voltar ao centro da cena regional.

 

 

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