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Reaproximação histórica de Cuba e Estados Unidos tem futuro incerto

Os jornais franceses desta quinta-feira (17) dedicam várias páginas para informar e repercutir a decisão histórica dos presidentes Barack Obama e Raúl Castro de reatar as relações diplomáticas entre os dois países, rompidas em 1962. No entanto, o Congresso americano ainda é quem dá a última palavra sobre o fim do embargo, lembra a imprensa.

Capa dos jornais franceses Le Figaro, La Croix, Libération, Le Monde, Le Parisien desta quinta-feira, 18 de dezembro de 2014.
Capa dos jornais franceses Le Figaro, La Croix, Libération, Le Monde, Le Parisien desta quinta-feira, 18 de dezembro de 2014.
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Le Figaro decreta o "fim de meio século de Guerra Fria" entre os dois países. Uma ilustração em sua manchete mostra os quatro personagens principais desse período conturbado: o ex-presidente americano John Kennedy e o ex-líder cubano Fidel Castro, responsáveis pelo rompimento das relações diplomáticas entre os dois países nos anos 60, e os presidentes atuais, Barack Obama e Raúl Castro, que se comprometerem a normalizar as relações entre Cuba e Estados Unidos.

"Somos todos americanos", pronunciou Obama saboreando o momento histórico, escreve Le Figaro. Assim que foi anunciada a decisão de reaproximar Washington e Havana, o debate sobre o impacto na evolução da política cubana inflamou a capital americana.

De acordo com o jornal, alguns acusam Obama de empurrar a questão dos direitos humanos para debaixo do tapete para comemorar uma vitória de sua política externa. Mas, para muitos, trata-se de uma decisão que deveria ter sido tomada há muito tempo e que terá, como consequência indireta, uma melhoria da imagem dos Estados Unidos em a América Latina.

Aquecimento nas relações

"Enfim, um aquecimento entre Cuba e Estados Unidos, escreve o jornal Aujourd'hui en France sobre o que chamou de "dia histórico". "Obama e Castro viraram a página de meio-século de tensão", avalia o jornal. O papa Francisco também teve um papel determinante para essa nova etapa das relações entre os dois países, destaca o diário.

O desfecho é resultado de um longo processo de negociações que aconteceram em segredo total. Nicole Bacharan, cientista política ouvida pelo Aujourd'hui en France, afirma que a "decisão enterra de vez a Guerra Fria e o fim do comunismo e do anti-comunismo mais rígido". Segundo a especialista, o mundo todo sabia que o embargo americano à Cuba era um grande fracasso.

Futuro incerto

Para o jornal Les Echos, Havana decidiu "pelo fim de seu isolamento econômico". Esse reaquecimento das relações com o país que melhor simboliza o capitalismo é o ponto de partida para a modernização da ilha comunista, avalia o diário econômico francês.

"A chegada de Raúl Castro ao poder, em 2008, deu início a uma abertura ao setor privado, mais ainda é lenta", escreve o jornal. Les Echos sugere que a presença cada vez mais visível da China na ilha comunista, especialmente após a visita do presidente Xi Jinping à Cuba, em julho, fez Obama reavaliar o embargo de mais de 50 anos ao seu ex-inimigo caribenho.

Será fácil adotar fim do embargo?

O jornal Libération indica que não. "O Congresso é quem vai decidir pelo fim definitivo do embargo à Cuba", lembra o jornal. Cuba e Estados vão restabelecer relações diplomáticas completas e as sanções econômicas, em vigor desde 1962, serão bastante reduzidas pelo governo americano.

Mas, apesar do clima otimista com as mudanças a curto prazo, como o alívio de restrições a viagens turísticas de americanos à ilha, a decisão poderá azedar ainda mais as relações de Obama com o Congresso americano.

Segundo Libération, o senador republicano da Flórida, Marco Rubio, de origem cubana, criticou a aproximação porque, segundo ele, vai permitir que a família Castro se perpetue no poder.
 

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