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Reportagem

Para União Europeia, Hamas continua como organização terrorista

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A Corte de Justiça europeia retirou, nesta quarta-feira (17), a organização armada palestina Hamas da lista de movimentos terroristas reconhecidos pela União Europeia. A corte considerou que falhas técnicas processuais não justificavam a manutenção do grupo na relação de extremistas. Mas politicamente, o bloco europeu continua a não aceitar o Hamas como interlocutor.

O Parlamento europeu aprovou uma resolução que "apoia o princípio do reconhecimento do Estado Palestino".
O Parlamento europeu aprovou uma resolução que "apoia o princípio do reconhecimento do Estado Palestino". REUTERS/Vincent Kessler
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A Comissão Europeia indicou que pode recorrer da decisão do tribunal e frisou que a medida é “legal, não política”. Uma porta-voz da Comissão de Relações Exteriores destacou que os europeus continuam classificando o Hamas como organização terrorista. Sébastien Boussois, conselheiro científico do Instituto Medea e pesquisador da Universidade Livre de Bruxelas, afirma que esse imbróglio não deve ter qualquer impacto nas negociações de paz entre israelenses e palestinos.

“Não é uma decisão política: é uma decisão técnica, que não tem a intenção de fazer qualquer tipo de pressão sobre negociação alguma. De qualquer forma, é certo que a União Europeia ainda tenta existir nas negociações”, analisa. “Só que os diálogos entre Israel e os palestinos não deram em nada com mediação americana, portanto não sei como a União Europeia poderia ter a pretensão de encontrar uma solução. Para mim, essa solução é regional, com atores e mediadores regionais.”

O governo israelense fez duras críticas à sentença judicial. O premiê Benjamin Netanyahu ressaltou que o Hamas cometeu “incontáveis crimes de guerra” e os europeus “parecem não ter aprendido nada sobre o Holocausto”.

Desde 2006, o bloco endureceu o tom em relação ao grupo armado e jamais voltou atrás, como lembra o especialista no conflito entre Israel e os palestinos. “Não vejo em nome de que a União Europeia reconheceria o Hamas como uma organização normal, apesar da reconciliação com o Fatah, mas depois da guerra que aconteceu neste ano. Por isso, eu acho que é uma decisão meramente temporária, até porque o congelamento dos bens do Hamas na União Europeia não foi cancelado”, observa.

Parlamento apoia criação de Estado Palestino

Nesta quarta-feira, os palestinos tiveram outro motivo para comemorar: o Parlamento europeu adotou uma resolução que apoia o “princípio do reconhecimento do Estado Palestino e a solução fundada em dois Estados”, um israelense e outro palestino. Os deputados, no entanto, não incitam os países-membros a adotar a mudança de paradigmas.

A resolução, aprovada por 498 votos a favor e 88 contra, ressalta a importância da retomada do processo de paz. Mas na opinião de Sébastien Boussois, a iniciativa tem efeitos limitados.

“É importante de um ponto de vista simbólico, de reconhecimento pela comunidade internacional, mas eu não acho que seja suficiente para pressionar Israel a permitir a coextistência de dois Estados”, avalia.

Até hoje, 135 países reconheceram a Palestina. Para o especialista, a medida mais eficaz seria pressionar Israel a respeitar o direito internacional e se retirar dos territórios ocupados na Cisjordânia – algo que os últimos governos de Tel Aviv não estiveram dispostos a fazer, principalmente o atual.
 

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