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Ameaça de deflação na França preocupa a imprensa

A ameaça de deflação na França é um dos destaques dos jornais franceses na manhã desta sexta-feira (12). Pela primeira vez desde 1990, o índice de inflação, descontado os efeitos sazonais, caiu para uma taxa negativa de 0,2% no acumulado de 12 meses. Ou seja, uma "zona perigosa".

O presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, é chamado a tomar medidas para evitar a deflação na Europa.
O presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, é chamado a tomar medidas para evitar a deflação na Europa. REUTERS/Ralph Orlowski
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O jornal econômico Les Echos se mostra muito preocupado com o futuro da economia francesa. No mês de novembro em relação a outubro, houve uma queda de preços, sobretudo da energia e dos derivados de petróleo. A curto prazo, essa queda em itens essenciais pode dar um fôlego maior para o poder aquisitivo dos franceses, mas, a longo prazo, pode ser um bomba-relógio.

Les Echos explica que o recuo dos preços pode ter um efeito cascata de diminur a atividade econômica de diversos setores, como a indústria. A França, que é a segunda maior economia da zona do euro, poderia acabar arrastando os demais países para a deflação, diz o jornal.

Um economista entrevistado pelo diário econômico diz que a França está flertando "perigosamente" com a deflação e corre o risco de ficar como o Japão, que atravessou um período de deflação que durou praticamente uma década. Para evitar esse cenário trágico, é preciso que o Banco Central Europeu (BCE) aja, comprando títulos da dívida pública. Mas o BCE tem que ser rápido ou será tarde demais, alerta Les Echos.

BCE é convocado a agir

"A deflação é algo grave, doutor?" Com esse título em tom de brincadeira, o jornal Libération também mostra preocupação com a conjuntura econômica francesa. A queda dos preços não é uma "bênção" para os consumidores. Muito pelo contrário, argumenta o jornal.

O diagnóstico feito por economistas entrevistados pelo Libération coloca boa parte da culpa pelo quadro deflacionista nas políticas de austeridade praticadas na Europa e na França. A austeridade levou à alta do desemprego e à queda do poder aquisitivo. Com uma demanda menor, a indústria é obrigada a baixar os preços para vender mais. Mas, com a queda das margens de lucros, os empresários são obrigados a cortar custos, demitindo funcionários e reduzindo salários. Essa, resume o Libération, é a "espiral infernal da deflação" que assola a França.

A solução ao problema terá que ser feita em nível europeu. "A França não tem condição de fazer mais", diz o economista Mathieu Plane. Assim como o jornal Les Echos, o Libération defende uma intervenção urgente do BCE para "abrir as torneiras da liquidez na Europa".

O jornal Aujourd'hui em France também analisa a situação econômica francesa, mas parte em busca de exemplos concretos. Enquanto os demais diários analisam os riscos de deflação sob um prisma macroeconômico, o Aujourd'hui en France destaca a queda do poder aquisitivo entre as pessoas que sonham com a casa própria.

Na França, esse sonho está cada dia mais distante. Em 1998, 44% dos franceses conseguiam comprar o imóvel desejado. Em 2010, esse percentual caiu para apenas 27%. As cidades de Marselha e Paris são aquelas onde o objetivo de comprar um imóvel é mais difícil de alcançar. A faixa etária entre 30 e 35 anos é a que encontra mais dificuldades.

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