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Resolução do parlamento francês pró-Palestina muda paradigma

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Foi aprovada nessa terça-feira pelo Parlamento francês, por 339 votos contra 151, uma resolução que pede ao governo francês o reconhecimento do Estado da Palestina. Para o professor de relações internacionais Guilherme Casarões, essa decisão revela uma mudança de paradigma na Europa ocidental.

França dá um passo para o reconhecimento do Estado da Palestina
França dá um passo para o reconhecimento do Estado da Palestina REUTERS/Jonathan Alcorn
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Foi aprovada nessa terça-feira pelo Parlamento francês, por 339 votos contra 151, uma resolução que pede ao governo francês o reconhecimento do Estado da Palestina. A decisão, que tem apenas valor simbólico, foi uma proposta da maioria socialista e reflete uma tendência que deve se espalhar por toda a Europa e que poderá resultar em uma votação no Parlamento europeu em dezembro.

Para o professor de relações internacionais Guilherme Casarões, essa decisão revela uma mudança de paradigma na Europa ocidental. “A Europa e a América do Norte são as duas regiões do mundo que ainda resistem ao reconhecimento da soberania do estado Palestino. Há uma clara razão: Israel sempre foi muito próximo ao mundo ocidental desenvolvido. Mas a gente vê uma evolução com estados europeus mudando a sua posição.”

Guilherme ressalta que o reconhecimento do estado palestino diminui a atual assimetria em relação a Israel e pode contribuir para um diálogo mais justo. Para conquistar a soberania, a Palestina tem usado a diplomacia como sua principal arma. “A Autoridade Nacional Palestina vem tentando vencer Israel no campo diplomático. Isso se manifesta em duas atitudes que vão ser recorrentes. Uma delas é tentar o reconhecimento por vias legais, junto à ONU, e a outra é tentar o reconhecimento no campo das relações bilaterais.”

Brasil já reconheceu

Atualmente 135 países reconhecem o Estado da Palestina, o que representa 70% dos 193 estados membros da Organização das Nações Unidas. Porém, na Europa ocidental, apenas a Suécia deu esse passo, em outubro deste ano, recebendo duras críticas do governo israelense. O Brasil fez o reconhecimento em 2011.
A questão é particularmente delicada na França, que possui as maiores populações de judeus e de muçulmanos na Europa. Os conflitos em Gaza no verão passado geraram violentos protestos em várias cidades do país. O presidente do Conselho Representativo das Instituições Judias da França, Roger Cukierman, considera a aprovação da resolução um grande erro e diz que muitos judeus já estão pensando em abandonar a França.

“Já foram anunciadas manifestações pró-Palestina pedindo que o governo oficialize essa resolução. E nós vimos que as manifestações pró-Palestina, pelo menos as de julho, se traduzem em atos anti-judeus. Há uma intenção clara de prejudicar os judeus, com ataques a sinagogas, comércios etc. A resolução confirma a ideia de que as coisas não vão bem para os judeus na França. Há problemas de todos os lados. Já há pessoas que desejam deixar a França para ir a Israel, aos Estados Unidos, ao Canadá e outros lugares. E eu não desejo que esse movimento aumente”, afirmou.

Direção correta

Já para o porta-voz da Organização para a Libertação da Palestina, Xavier Abu Eid, a resolução é um passo na direção correta e pode ter um impacto positivo no processo de paz entre Palestina e Israel.
“Eu acho que, se a resolução fosse simbólica, os israelenses não estariam lutando tanto contra ela. Essa decisão consolida a ideia de uma solução para que israelenses e palestinos possam viver lado a lado em paz e segurança. Esse é o objetivo que qualquer processo de paz deveria ter. Claro que o reconhecimento do Estado da Palestina não vai acabar com a ocupação, não vai interromper os assentamentos, mas é um excelente passo na direção correta”, avalia.

A Palestina tem desde 2012 o status de Estado observador na ONU e pretende apresentar em breve um projeto de resolução ao Conselho de Segurança da entidade para pôr fim à ocupação de seus territórios por Israel em dois anos e para abrir o caminho para um Estado independente dentro das fronteiras de 1967.
 

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