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Linha Direta

Fome e obesidade, o paradoxo que desafia a FAO

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Ministros e altos responsáveis de 170 países aprovaram a Declaração Política e o Quadro de Ação para combater a fome e a obesidade na Segunda Conferência Internacional sobre Nutrição na FAO, agência das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, com sede em Roma.

Dois desafios da 2ª conferência da Fao em Roma: reduzir a desnutrição e a obesidade.
Dois desafios da 2ª conferência da Fao em Roma: reduzir a desnutrição e a obesidade. Fotomontagem wikipedia
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Gina Marques, correspondente da RFI Brasil em Roma

A primeira Conferência Internacional sobre Nutrição foi organizada em 1992. Vocês podem perguntar qual é a diferença desta segunda reunião, realizada 22 anos depois?

A diferença é o reconhecimento do papel da politica na alimentação, e não só da sociedade civil. Pela primeira vez, a FAO envolve a responsabilidade dos governos que devem legislar a produção alimentar, educando a população sobre a comida saudável e boa nutrição. Para assumir esta responsabilidade, ontem (19) foi assinada a Declaração de Roma sobre Nutrição, que estabelece o direito de todos ao acesso a alimentos seguros, em quantidade suficiente e com qualidades nutritivas. Os governos se comprometem a prevenir a nutrição inadequada em todas as suas formas, incluindo a fome, as deficiências de micronutrientes e a obesidade. Outra diferença desta reunião é a participação conjunta da Organização Mundial da Saúde, a OMS, afinal, a má nutrição esta diretamente ligada às doenças.

Declaração de Roma sobre Nutrição

Este é um aspecto importante desta Conferência, pois foi estabelecido o chamado Quadro de Ação. Trata-se de uma linha de conduta, um compromisso dos políticos com a sociedade civil e o setor privado, articulado em 60 ações que os governos podem incorporar nas suas políticas nacionais de nutrição, saúde, agricultura, educação, desenvolvimento e investimento. Foram feitas também uma série de recomendações para a boa nutrição, por exemplo, não exagerar na quantidade de sal, de açúcar e de gorduras. Lembro que a Declaração e o Quadro são frutos de quase um ano de intensas negociações, que envolveram representantes dos países membros da FAO e da OMS.

O que mudou em 22 anos

Desde a realização da primeira Conferência, a fome do mundo diminuiu, mas aumentou a obesidade, dois extremos da mesma moeda. Em 1992, cerca de 1 bilhão de pessoas no mundo sofriam de fome e má nutrição. Hoje há cerca de 800 milhões de desnutridos, ou seja, diminuiu 21 por cento. Os países reconheceram que, apesar dos importantes avanços que foram feitos, os progressos têm sido insuficientes e desiguais.

A desnutrição crônica afeta 161 milhões de crianças até os cinco anos de idade no mundo, enquanto a fome aguda atinge 51 milhões de menores na mesma faixa etária. De acordo com os dados da FAO, somente no ano passado, a desnutrição foi a principal causa de morte entre 45% das crianças de até cinco anos de idade. Por outro lado, a má nutrição também é a causa de um problema oposto: a obesidade. Hoje estima-se que existem 500 milhões de pessoas obesas e não só nos países ricos do Ocidente. A obesidade também é causa de mortalidade e agrava no balanço econômico dos países.

 

 

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