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Linha Direta

Japão inicia retomada de energia nuclear no país

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O Japão deu um passo nesta semana em direção à retomada do uso de energia nuclear no país, mais de três anos e meio após a tragédia de 2011 em Fukushima. Satsumasendai, uma cidade no sudoeste do Japão, se tornou a primeira do país a aprovar o reinício das operações de uma usina nuclear no complicado processo japonês de reviver uma indústria que ficou ociosa devido à catástrofe pós-terremoto e Tsunami.  

Operário da companhia Kyushu Electric Co caminha pela usina nuclear de Sendai, em Satsumasendai, no Japão. 3/04/2014.
Operário da companhia Kyushu Electric Co caminha pela usina nuclear de Sendai, em Satsumasendai, no Japão. 3/04/2014. REUTERS/Mari Saito
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Ewerthon Tobace, correspondente da RFI em Tóquio

A aprovação foi decretada em uma sessão extraordinária da Assembleia Legislativa de Satsumasendai, que discutiu uma petição em prol da retomada dos trabalhos no Complexo Nuclear de Sendai, a primeira usina no país a ter sua segurança aprovada, no mês passado, de acordo com as novas normas estabelecidas após o desastre nuclear de 2011, em Fukushima.

Do total dos 26 legisladores que compõem a Assembleia, a petição foi aprovada com o apoio de dezenove votos a favor contra apenas quatro opositores, ou seja, cerca de 73% do total. Os outros três vereadores se abstiveram.

Mas o reinício das operações dos primeiros reatores do Japão não deve ocorrer até o próximo ano, uma vez que a Kyushu Eletrics, a empresa que opera o completo em Satsumasendai, ainda precisa passar por verificações de segurança operacional.

Segundo um dos legisladores, "os moradores permanecerão contrários ao reinício das operações na usina a não ser que haja garantias de segurança”. Outro legislador, por sua vez, declarou que "a atividade econômica na cidade apresentou queda depois que os reatores nucleares da usina foram desligados, portanto, ela deveria ser reativada".

Depois do anúncio da aprovação, o prefeito local, Hideo Iwakiri, também manifestou seu apoio à reativação do complexo nuclear.O município de Satsumasendai possui cerca de 100 mil habitantes e fica 1.000 quilômetros a sudoeste de Tóquio. Devido ao seu pequeno porte, a cidade sempre dependeu da usina de Sendai para gerar empregos.

Debate sobre a planta nuclear de Sendai divide opiniões

Os moradores locais sabem que a cidade recebe bilhões de ienes em subsídios governamentais e também da empresa operadora. Mas Ichikikushikino, que fica um pouco mais longe do complexo, recebe apenas uma fração do valor da cidade vizinha, embora os moradores digam que enfrentam riscos semelhantes de saúde caso haja vazamentos de radiação por causa de um acidente.

Por isto, este ano, mais da metade dos 30 mil moradores de Ichikikushikino assinaram uma petição se opondo ao reinício das operações na usina nuclear.

A organização não-governamental Greenpeace também já se manifestou contra. Os ativistas disseram que a aprovação em Satsumasendai contradiz o ponto de vista da maioria das pessoas que mora na região. Para o grupo, há muitas questões importantes de segurança sem resposta ou que estão sendo ignoradas, e que elas devem ser tratadas publicamente.

Reatores japoneses foram tirados de operação depois de Fukushima

Todos os 48 reatores nucleares do país foram gradualmente tirados de operação após a tragédia em Fukushima, considerado como o pior desastre nuclear do mundo desde Chernobyl, em 1986.

Só para relembrar, no dia 11 de março de 2011 um forte terremoto seguido de tsunami atingiu a usina de Fukushima Daiichi, localizada a 220 km a nordeste de Tóquio, provocando vazamentos nucleares e forçando mais de 160 mil pessoas a fugir de cidades vizinhas.

Desde então, o Japão foi forçado a importar combustíveis fósseis para substituir a energia atômica, que, anteriormente, era responsável por cerca de 30% da eletricidade do país.

As contas públicas, claro, tiveram um aumento considerável, por isso o primeiro-ministro Shinzo Abe já se manifestou a favor da retomada do uso de energia nuclear. Mas ele disse que vai deixar para as autoridades locais a aprovação de uma política que ainda é muito impopular aqui no Japão.
 

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