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Queda das vendas de carros no Brasil não desanima montadoras

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Apesar da queda de em torno de 10% das vendas de veículos, esperada para este ano, as montadoras instaladas no país mantêm o otimismo sobre o potencial de crescimento do setor. No Salão do Automóvel de Paris, aberto neste fim de semana, as construtoras garantem que o Brasil permanece um mercado estratégico a longo prazo.

Visitantes no Salão do Automóvel de Paris 2014.
Visitantes no Salão do Automóvel de Paris 2014. REUTERS/Benoit Tessier
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O frágil crescimento econômico, as incertezas ligadas às eleições e até a Copa do Mundo explicam a diminuição do dinamismo. O contexto desfavorável levou os brasileiros a adiarem os planos de comprar carros. Para enfrentar a situação e não aumentar os estoques, as montadoras Fiat, Ford, Peugeot, Renault, Volkswagen e General Motors adotaram férias coletivas para uma parcela dos funcionários.

“De um lado, tem as eleições, que marcam um período de incertezas para os clientes. Eles não têm pressa para comprar carros nesta época. E o fim da redução do IPI no fim do ano traz outra incerteza, que pode ser positiva. Os clientes poderão querer comprar mais carros agora se o IPI aumentar”, avalia Denis Barbier, diretor da região América Latina da Renault. “Todos os fundamentos do mercado estão presentes, então achamos que pode subir de novo. Nós achávamos que haveria uma melhora da situação depois da Copa do Mundo, mas surpreendentemente essa retomada não aconteceu.”

Apesar do contratempo, o potencial de crescimento do mercado no Brasil permanece alto: o país tem 179 carros a cada 1.000 habitantes. Na França, esse índice chega a 587 e, nos Estados Unidos, vai a 770.

“Na América Latina, os casos são diferentes de acordo com o país, mas em geral a taxa de veículos por habitante ainda é bastante baixa, portanto continua tendo um bom potencial de desenvolvimento do mercado automotivo. Os consumidores da região também se interessam bastante por carros”, afirma Barbier. “Ou seja, sobre o principal, não houve mudanças e não há razões para achar que as quedas vão durar.”

Efeitos psicológicos

Líder do mercado brasileiro, a Fiat destaca que o plano estratégico a longo prazo permanece inalterado para o Brasil. Marco Antônio Lage, diretor de comunicação da Fiat para a América Latina, acha que a recessão técnica, confirmada em agosto, e o aperto no crédito prejudicam o setor, mas considera o problema temporário.

“O mercado brasileiro está sofrendo um fator psicológico. O setor automobilístico tem essa característica, de os fatores psicológicos impactarem imediatamente, para o bem ou para o mal. Mas ainda é um mercado com grandes perspectivas de crescimento”, constata. “Devemos fechar o ano com 3,4 milhões ou até 3,5 milhões de vendas de unidades, o que é um bom volume para um mercado quase maduro. A prova de que há perspectiva de crescimento é que todas as marcas estão presentes no mercado brasileiro.”

Lage avalia que o mercado tende a se estabilizar após o fim do período político conturbado, com uma eleição acirrada para a presidência. “A partir do momento que passarem as eleições e houver uma definição mais clara da política econômica, e dependendo da mensagem que o consumidor e o mercado tiverem, com a mesma velocidade que o mercado se retraiu, ele também retoma. Essa é a nossa expectativa para 2015”, garante. “Neste ano houve essa pequena retração, mas não é motivo de mudanças de planos. O grupo planejou investir, até 2016, até € 6 bilhões no Brasil. Esses investimentos vão continuar acontecendo.”

Diferenças entre países emergentes

Outro mercado emergente importante, a Rússia também registra desaceleração no mercado automobilístico. As sanções ocidentais aplicadas ao país desde o início da crise na Ucrânia resultaram em diminuição de 23% das vendas em julho e 25% em agosto.

Já a China permanece o principal motor de crescimento do setor no mundo. A Peugeot, que tem sofrido as consequências da crise na Rússia e na Argentina, aposta no mercado chinês para equilibrar os números.

“Obviamente, quando o mercado europeu caiu, a empresa teve muitas dificuldades. Para proteger a empresa no futuro, é importante que ela não seja dependente de um só mercado. O fato de agora termos duas pernas – uma europeia e outra chinesa – nos dá a capacidade de aproveitar o que há de melhor no crescimento desses dois mercados”, considera Carlos Tavares, diretor-presidente do grupo PSA.
 

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