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Radar econômico

Com carne halal e piscinas para mulheres, turismo muçulmano vive “boom” econômico

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Cardápios com carne de animais abatidos segundo a lei islâmica e piscinas e praias exclusivas para mulheres são algumas das facilidades oferecidas pelas agências de turismo muçulmano, mercado que movimentou US$ 140 bilhões em 2013, representando 13% de todo o turismo mundial.

"Turismo halal" movimentou US$ 140 bilhões em 2013.
"Turismo halal" movimentou US$ 140 bilhões em 2013. #HalalTourism conference
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O “boom” econômico do setor levou à Andaluzia, na Espanha, representantes de diversos países para a primeira Conferência Mundial do Turismo Halal – palavra árabe que designa toda ação ou objeto permitido pela lei islâmica e que ficou mais conhecida no Ocidente como a classificação das carnes muçulmanas. O encontro de dois dias marcou o momento inédito que vive o mercado de viagem voltado para populações muçulmanas.

Os US$ 140 bilhões verificados no ano passado devem chegar a US$ 190 bilhões até 2020. O britânico Anas Kasak, que é especialista em marketing étnico e que promove o encontro na Espanha, diz que o aumento do turismo halal começou ao redor de 2007 e é causado por um conjunto de fatores econômicos e demográficos. “Há uma tendência geral pelo mundo. A população muçulmana está crescendo, a demografia nos mostra que ela é jovem e que dispõe agora de uma renda maior”, explica Kasak. “Acima de tudo, eles querem viajar de acordo com suas crenças. Muçulmanos estão comprando cada vez mais e eles querem destinos de férias e acomodações que combinem com isso.”

Uma pesquisa de mercado feita junto a muçulmanos dos Emirados Árabes Unidos, da Malásia e da Arábia Saudita aponta que a França é o destino europeu mais procurado, seguido por Itália, Inglaterra e Alemanha. A mesma pesquisa revelou que 97% dos potenciais turistas entrevistados consideram importante que o país de destino ofereça carne halal, enquanto 89% disseram valorizar que haja facilidades para os momentos de reza. No entanto, a avaliação feita por estes turistas sobre a adaptação do turismo europeu até agora é apenas média.

Sem álcool no menu

Os muçulmanos europeus também estão viajando mais, para destinos como Dubai, mas o principal potencial, afirma Kasak, está no caminho inverso: a Europa como destino. “Na nossa conferência temos representantes, por exemplo, da Croácia que estão investindo em acomodações muçulmanas, mirando especificamente neste mercado. A Europa tem uma grande oportunidade, tanto para promover o turismo quanto para receber. Viajantes do Oriente Médio e do Extremo Oriente estão em busca de novas experiências.”

As agências de viagem especializadas no público muçulmano oferecem, além da carne halal, várias opções de bebidas não-alcoólicas para serem degustadas em praias ou piscinas exclusivas para mulheres, onde elas podem se vestir de maneira mais à vontade. Já nas praias e spas unissex, eles garantem que todos seguirão o código de vestimenta, evitando constrangimentos.

Nacer-Eddine Benchinoun é o fundador da Hallal Voyage, empresa parisiense dedicada a levar franceses ao circuito muçulmano. Ele diz que o turismo halal é um nicho como qualquer outro: “Nós temos hoje uma clientela que quer viajar podendo comer tudo o que hotel oferece e participar de todas as atividades do hotel. E as mulheres podem ter uma certa liberdade na piscina, já que não haverá homens por lá.”

Embora o setor comece a ser invadidos pelas grandes operadoras, ele ainda é explorado majoritariamente por pequenas agências. “Economicamente, não tentamos concorrer com os grandes operadores de turismo. Nós somos uma pequena agência e visamos um nicho que permita às pequenas agencias poder trabalhar”, afirmou Benchinoun, em entrevista à RFI francesa.

Sex shop muçulmano

A primeira conferência internacional de turismo Halal que termina hoje na Espanha reúne agentes de viagens, hotéis e autoridades de países que pretendem explorar este novo mercado. Mas o turismo muçulmano se insere em um fenômeno econômico ainda maior, o crescimento do mercado consumidor islâmico de maneira geral – um universo de 1,8 bilhão de consumidores ávidos por diferentes produtos e serviços em concordância com sua fé.

Na Holanda, por exemplo, uma sex shop muçulmana que faz vendas online oferece produtos árabes com o objetivo de “apresentar o lado sensual do islã”. Estimativas apontam um crescimento de até 30% do mercado de produtos ligados aos islâmicos até 2030.

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