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Fato em Foco

Dia Mundial Sem Carro é celebrado em todo o mundo

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O Dia Mundial Sem Carro é comemorado nesta segunda-feira (22) em vários países do mundo. A data foi adotada em 1996 na Islândia, França e Inglaterra, para alertar sobre o impacto dos automóveis no meio ambiente, no urbanismo e no cotidiano dos habitantes das grandes cidades. Em Paris, por exemplo, a diminuição do número de carros é uma política pública da prefeitura desde 2001.

Congestionamentos são frequentes em Paris, principalmente nas vias de acesso à cidade.
Congestionamentos são frequentes em Paris, principalmente nas vias de acesso à cidade. Flikcr/ Creative Commons
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Nesse período, principalmente nos últimos quatro anos, 20 mil vagas de estacionamentos desapareceram das ruas da capital francesa. No lugar, foram abertas estações de aluguel de bicicletas e de carros elétricos, os populares serviços Vélib e Autolib.

O número de avenidas que passaram a ter menos pistas de carros para dar espaço a vias exclusivas para ônibus e táxis também não para de aumentar, enquanto a prefeita Anne Hidalgo promete derrubar a velocidade máxima dos veículos para 30 km/h. A cidade tem um dos mais eficientes sistemas de transporte público do mundo, com 58 linhas de ônibus e 19 de metrô.

Sem carro, mesmo com bebê

Tudo isso fez moradores como a coreógrafa Soizic Barbancey, 36 anos, abandonarem o carro. Mesmo com um bebê de um ano, ela afirma que, com tantas opções de transporte, não sente falta do conforto do automóvel particular. Quando precisa, a família aluga um Autolib. “Ainda por cima, não precisamos sofrer para encontrar um lugar para estacionar. Reservamos uma vaga assim que entramos no carro e temos o lugar garantido”, conta.

A professora de dança espera que a prefeitura feche cada vez mais o cerco aos automóveis, e sonha com uma Paris onde apenas bicicletas, ônibus e pedestres circulariam. Ela afirma que a consciência ecológica foi fundamental para mudar de postura sobre a necessidade de usar carro.

“Não usar carro foi realmente uma escolha cidadã que nós fizemos. Eu acho que, em Paris, há tantas alternativas de transportes que é totalmente desnecessário. É uma cidade feita para não ter carro e tomar essa atitude eco-cidadã é o mínimo que podemos fazer”, comenta. “Nós tentamos limitar a nossa pegada ecológica. Eu adoraria que não tivesse mais carros nas cidades, e eu concluí que isso precisava começar por mim.”

Polêmica sobre a data

Apesar de ter nascido na França, o Dia Mundial Sem Carro não é mais estimulado pelo governo francês. No lugar, foi adotada a Semana da Mobilidade, um momento de debates sobre como melhorar o transporte nas grandes cidades.

A mudança desagradou associações que militam pela redução do número de carros, como a Car Free, uma organização internacional que promove o Dia Mundial Sem Carro, com ou sem o apoio das autoridades.

“O ‘problema’ do Dia Mundial Sem Carro é que os governos consideram que causa muito incômodo pedir para os motoristas ficarem sem os seus carros por apenas um dia, afinal essa atitude provoca transtornos demais para eles e os comerciantes”, relata o fundador da entidade na França, Marcel Robert. “Mas ao adotar uma semana de reflexões, perdemos essa mensagem forte, difundida em tantos países, de que a existência de veículos demais é um grande problema. Não podemos esquecer disso e ter um dia sem carro serve para lembrar que esse problema é sério.”

Robert reconhece os avanços de Paris nessas questões nos últimos anos, mas é contrário a iniciativas como o Autolib. Para ele, disponibilizar o aluguel de carro significa estimular as pessoas a continuar usando veículos, em vez de adotarem outros meios para se locomover. O ativista destaca que a maioria dos usuários do serviço não possuía um carro próprio e era adepta do sistema público de transporte.

Melhorias nas ciclovias

O militante também acha que há progressos a serem feitos na rede de ciclovias da capital. “Para mais parcelas da população adotarem a bicicleta, é preciso fazê-las ultrapassar a barreira do medo. Há muita gente que tem esse bloqueio psicológico causado pela preocupação e nós as compreendemos, porque andar de bicicleta no meio dos carros pode ser assustador e, muitas vezes, perigoso”, observa. “Para que uma parcela grande da população adote as bicicletas, é preciso haver uma continuidade segura dos trajetos, com pistas para ciclistas separadas do tráfego, para que os ciclistas possam circular em itinerários completos.”

Marcel Robert ressalta que outras capitais europeias, como Amsterdã e Copenhague, são os verdadeiros exemplos a serem seguidos em termos de infraestrutura ciclística.
 

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