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Ciência e Tecnologia

Invesalius, o software brasileiro de impressão 3D que revoluciona a Medicina

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O uso da impressão 3D está revolucionando os procedimentos cirúrgicos e o Brasil é um dos pioneiros na área. O software Invesalius, desenvolvido pelo CTI (Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer), centro de pesquisas ligado ao Ministério de Ciências e Tecnologia, foi o primeiro a fornecer gratuitamente o serviço para hospitais e instituições em todo o mundo.

Impressora 3D para prótese dentária. Um bloco de cerâmica é colocado dentro da máquina que vai cortar e produzir a prótese como esta foi programada no computador.
Impressora 3D para prótese dentária. Um bloco de cerâmica é colocado dentro da máquina que vai cortar e produzir a prótese como esta foi programada no computador. chirurgiens-dentistes.fr
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Criado em 2001, o Invesalius é um software open-source e já está em sua terceira versão. Traduzindo, seu código de programação é aberto e autoriza modificações feitas pelos usuários. Distribuído em 98 países, o programa já foi baixado 4312 vezes, 186 só na França. O nome é uma homenagem ao célebre cientista belga Andrea Vesalius, nascido no século 16 e considerado o pai da anatomia moderna.

Graças a essa tecnologia, que reproduz com precisão os órgãos humanos, os cirurgiões podem realizar intervenções complexas e arriscadas em diferentes especialidades, antecipando possíveis complicações. O engenheiro químico Jorge Vicente Lopes da Silva coordena o CTI e as pesquisas sobre o Invesalius, feitas por uma equipe de 20 profissionais, além de estudantes de pós-graduação.

Silva explica que o programa é usado principalmente em hospitais, mas também é útil para a medicina legal e as investigações policiais. "Basicamente, o Invesalium pega as imagens de uma tomografia computadorizada ou de uma ressonância magnética e as transforma em um modelo tridimensional limpo", explica o engenheiro. Esse modelo, que 'clona' a imagem em questão, pode ser em plástico, metal, resina, cerâmica, madeira, cera, areia, vidro e concreto.

A ferramenta possibilita reproduzir com precisão uma estrutura atingida por uma lesão, por exemplo, auxiliando o cirurgião. "É possível separar essas estruturas ósseas e gerar um modelo 3D, um formato de arquivo específico para prototipagem rápida", diz. "Em seguida o cirurgião, com essa informação na mão, é capaz de realizar uma cirurgia mais rápida, precisa e com menos risco para o paciente."

O CTI também trabalha em parceria com o Ministério da Saúde e os hospitais públicos e realiza cerca de 500 planejamentos cirúrgicos utilizando a tecnologia. "Todo o trabalho é feito a partir da demanda do cirurgião. São principalmente casos de tumores na região lombar ou mandíbula, anomalias genéticas ou acidentes. Essa ferramenta é fantástica porque você simula tudo antes. São três cirurgias: uma por computação, outra em um modelo e a terceira no paciente."

Tecnologia ajudou a bebê a ser curado de epilepsia

Um exemplo recente, que ganhou destaque na imprensa, é o do bebê americano Gabriel, 5 meses, que foi curado de epilepsia depois de uma cirurgia que utilizou a impressão 3D. Ele foi submetido a uma operação que consistiu em isolar a parte do doente do cérebro para neutralizar o mecanismo que gerava as crises.

Diante da complexidade da intervenção, os médicos decidiram  gerar um protótipo detalhado do cérebro de Gabriel, utilizando uma impressora 3D e só então operaram o bebê, que hoje está livre das crises. A experiência foi publicada na revista científica The Verge, na semana passada e é um exemplo de como a impressão está mudando a vida dos pacientes.

Cientistas agora estudam bioimpressão de órgãos

Depois da impressão 3D, o próximo passo agora, explica o coordenador do CTI, é a chamada bioimpressão de órgãos. "É um futuro ainda distante, mas em vez de imprimir uma peça metálica ou um pedaço de plástico, você imprime um órgão, um tecido, um osso, para uma pessoa que precisa de um transplante. Isso ainda está distante, mas é um futuro promissor. O mundo está acordando para isso e equipes em vários países da Europa e dos Estados Unidos estão trabalhando em projetos do tipo. É a parte de engenharia tecidual utilizando impressão 3D."
 

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