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Linha Direta

Falta de remédios e material hospitalar causam crise na Venezuela

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A Saúde Pública na Venezuela pede socorro. Faltam materiais médico-cirúrgicos, equipamentos e remédios em nível nacional. A Associação Venezuelana de Clínicas e Hospitais já pediu que o governo do presidente Nicolás Maduro declare “emergência humanitária” devido à precariedade na área médica em todo o país.

Médicos venezuelanos denunciam a falta de remédios e equipamentos para tratar dos pacientes.
Médicos venezuelanos denunciam a falta de remédios e equipamentos para tratar dos pacientes. conelmacheteafiloao.wordpress.com
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Elianah Jorge, correspondente da RFI Brasil em Caracas

A falta de material médico-cirúrgico e de aparelhos está gerando um caos nas clínicas e hospitais públicos e particulares de todo o país, agravada pela falta de medicamentos para o tratamento de diversas doenças.

A Associação Venezuelana de Distribuidores de Equipamentos Médicos, Odontológicos e Laboratoriais (AVEDEM) afirma que faltam 85% dos materiais médicos em nível nacional. Já a Federação Farmacêutica da Venezuela informa que o desabastecimento de remédios é de 60%. A Associação Venezuelana de Clínicas e Hospitais pediu ao Poder Executivo que declare  “emergência humanitária” no setor, “diante da grave situação do sistema de saúde, do aumento da escassez e do fornecimento irregular de produtos, remédios, material médico-cirúrgico, equipamentos e peças de reposição que colocam em risco o diagnóstico e a vida de pessoas que precisam de tratamentos em todo o país”.

Também faltam produtos para fazer diagnósticos, tratamentos e cirurgias. Muitas vezes, os médicos pedem aos familiares de quem está hospitalizado ou em vias de fazer uma operação que comprem os produtos cirúrgicos para poder fazer o procedimento médico. Na página do Ministério do Poder Popular para a Saúde não há nenhuma informação sobre a crise no setor.

Controle cambial, sinônimo de escassez

A crise no setor médico tem a mesma origem da escassez em outros setores: o controle cambial que há anos é aplicado pelo governo. A AVEDEM informou que 98% dos produtos básicos da área da Saúde vêm de fora. Acontece que os importadores estão seriamente endividados com os fornecedores.

No primeiro semestre deste ano, o Centro Nacional de Comércio Exterior (Cencoex) liberou apenas US$108 milhões para o setor, quantia insuficiente para abastecer os estoques venezuelanos. De acordo com as associações, são necessários cerca de US$4,5  quatro bilhões para abastecer hospitais e clínicas em nível nacional. Até o momento, o governo não se pronunciou sobre o pedido de emergência humanitária.

Especialidades afetadas

De acordo com a Associação Venezuelana de Distribuidores de Equipamentos Médicos, pelo menos 20 especialidades médicas estariam seriamente afetadas, entre elas cardiologia, oncologia, nefrologia, anestesiologia e obstetrícia.

Há informações de que 70% dos produtos ou materiais médicos estão sem inventário, entre eles, os reativos para laboratórios, válvulas cardíacas, próteses ortopédicas, catéteres, incubadoras, máquinas anestésicas, soluções fisiológicas, gazes e material para sutura. Alguns estoques de produtos chegaram a zero, entre eles, os anestésicos.

Uma dessas associações comunicou à Assembleia Nacional venezuelana que houve um aumento no número de amputações de membros inferiores no país, e que estas poderiam ter sido evitadas se houvesse material para realizar cirurgias mais elaboradas. Pacientes com Aids e aqueles que lutam contra o câncer estão aguardando medicamentos. Os transplantes de órgãos caíram de 4,5 para 1,17 pessoas por milhão de habitantes.

A AVEDEM informou que fará uma paralisação nacional no final deste mês em protesto contra a falta de materiais médicos.

Redes sociais e solidariedade

As pessoas têm recorrido às redes sociais para comprar os medicamentos. Mas há casos extremos de pessoas que vão às ruas com cartazes solicitando ajuda para conseguir encontrá-los e pagar por eles. Pacientes com doenças crônicas se anteciparam à crise e fizeram estoques de remédios para dar continuidade aos tratamentos. Quem tem possibilidade, pede para parentes comprarem no Exterior.

As longas filas que antes víamos apenas nos supermercados com pessoas em busca de alimentos, podem ser visa agora diante de farmácias e drogarias. Falta até anticoncepcional no país. No entanto, semana passada, chegou à Faixa de Gaza, no Oriente Médio, um avião enviado pelo governo venezuelano com 12 toneladas de alimentos e remédios para a população palestina.
 

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