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Linha Direta

Escritores da Alemanha protestam contra métodos abusivos da Amazon

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Depois de 900 escritores americanos,  mais de 1.400 escritores de língua alemã assinaram uma carta aberta acusando a plataforma de comércio eletrônico Amazon de boicotar livros do grupo editorial Bonnier. O grupo escandinavo é proprietário de algumas das maiores editoras alemãs. Os autores se dizem insatisfeitos com os métodos utilizados pelo portal. A carta foi assinada, entre outros, pela austríaca Elfriede Jelinek, que conquistou o Prêmio Nobel de Literatura em 2004.

A escritora austríaca Elfriede Jelinek, vencedora do prêmio Nobel de Literatura de 2004, também assinou a carta aberta à Amazon.
A escritora austríaca Elfriede Jelinek, vencedora do prêmio Nobel de Literatura de 2004, também assinou a carta aberta à Amazon. Flikcr/ Creative Commons
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Márcio Damasceno, correspondente da RFI Brasil em Berlim

 A denúncia dos escritores de países como Áustria, Alemanha e Suíça veio após 900 escritores americanos pedirem o fim das pressões da Amazon sobre a filial da Hachette, editora francesa, que atua também nos Estados Unidos. Os alemães acusam a Amazon de comportamento abusivo em seus métodos de distribuição.

A disputa

Os escritores de líingua alemã afirmam que a Amazon usa seu domínio no mercado para pressionar, com o intuito de conseguir maiores descontos, isto é, para tentar aumentar sua margem de lucro na venda de livros, principalmente os livros eletrônicos, os chamados e-books. Segundo esses autores, a Amazon não estaria entregando títulos das editoras alemãs que pertencem ao grupo escandinavo Bonnier. Eles acusam a Amazon de mentir, afirmando que não tem esses livros em estoque e atrasando a entrega dos ítens.

Além disso, os autores acusam a Amazon de manipular listas de recomendação dos livros do grupo Bonnier, não mostrando em seu portal as recomendações para outras obras dos mesmos autores. Uma pratica que é comum entre os ítens vendidos na Amazon. Já a Amazon reclama que os ebooks deveriam ser bem mais baratos, argumentando que eles não exigem tantos gastos de produção como os livros tradicionais, que precisam de papel e impressão.

Os escritores apelam para que seus leitores escrevam cartas ao fundador da Amazon, Jeff Bezos, e ao diretor da Amazon na Alemanha, Ralf Kleber, reclamando sobre as formas de pressão que acusam a Amazon de utilizar.

Estados Unidos, Hachette, a mesma batalha...

Nos Estados Unidos, a Amazon também enfrenta uma longa batalha contra a editora francesa Hachette. Os autores americanos reclamaram em carta aberta (assinada por nomes famosos como Stephen King e John Grisham) que a Amazon atrasou a entrega e eliminou descontos em certos livros.

No mercado alemão as reclamações são parecidas. Os autores se inspiraram nas reclamações dos americanos para escrever essa carta aberta a Amazon. A diferença na Alemanha e na Áustria é que nesses países os preços dos livros são tabelados, ao contrário dos Estados Unidos. Isso ocorre, entre outras coisas, para evitar que haja uma grande concentração de editoras, como existe no território americano.

Aqui na Alemanha, por exemplo, os preços dos livros são sempre os mesmos, seja dos vendidos na internet ou dos comercializados nas livrarias. Isso garante que não ocorra uma guerra de preços e faz com que as pequenas editoras possam sobreviver. Os autores de lingua alemã temem que a Amazon esteja querendo se aproveitar de sua posição dominante para tentar quebrar essa regra do mercado alemão.

Devemos lembrar, aliás, que o mercado alemão é muito importante para a Amazon. Ele é o maior mercado da plataforma de comércio online americana fora dos Estados Unidos.

Guerra ou denúncia?

Eu não diria que os alemães estão em guerra contra Amazon. Eles fazem questão de ressaltar que não querem tomar partido na disputa que está ocorrendo entre as editoras e a Amazon em torno da margem de lucro que cabe a cada um na venda dos livros. E também destacam que não têm nada contra a Amazon em si. Eles só sublinham que querem um mercado livreiro justo e que não querem se sentir reféns da batalha entre a plataforma e as editoras. E é isso que eles acusam que está ocorrendo.

Os autores cujos livros são editados pelo grupo escandinavo Bonnier afirmam que estão tendo seus livros presos, não sendo entregues ou sendo enviados aos leitores com atraso. Eles reclamam que vêm sendo boicotados pelo site da Amazon. Por isso, eles dizem que se sentem "reféns".
 

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