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Países latino-americanos se mobilizam contra ofensiva de Israel em Gaza

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Face à intensificação da ofensiva militar de Israel na Faixa de Gaza e aumento exponencial do número de vítimas civis palestinas, alguns países da América Latina foram os que mais endureceram suas críticas contra o governo israelense nos últimos dias. A Bolívia, que rompeu suas relações diplomáticas com Israel em 2009, após a violenta operação “Chumbo Fundido”, incluiu o país na lista de "Estados terroristas" na semana passada. Já Brasil, Equador, Chile, Peru e El Salvador convocaram seus embaixadores em Tel Aviv para consultas sobre o conflito.

Durante a 46ª Cúpula do Mercosul, os presidentes dos países que integram o Mercosul exigiram um cessar-fogo na Faixa de Gaza.
Durante a 46ª Cúpula do Mercosul, os presidentes dos países que integram o Mercosul exigiram um cessar-fogo na Faixa de Gaza. Prensa Palacio Bolivia
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A 46ª cúpula do Mercosul, na semana passada, em Caracas, também tratou da ofensiva israelense. Além da Venezuela que, como a Bolívia, cortou relações diplomáticas com Israel, Brasil, Argentina e Uruguai emitiram uma declaração condenando Israel por "uso de força desproporcional".

Desde o começo da ofensiva israelense contra o movimento islâmico Hamas em Gaza, vários países do continente americano já haviam se posicionado contra o governo de Israel. O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, classificou a ofensiva de "guerra de exterminação" contra o povo palestino. Já em Cuba as autoridades pediram que "a comunidade internacional exija que Tel Aviv cesse a escalada de violência". O Chile classificou as operações militares israelenses como uma “agressão coletiva contra a população” da região. Já o Peru diz estar profundamente decepcionado com a violação dos vários cessar-fogos e a continuidade da operação militar israelense em Gaza.

Mas foi a posição da Bolívia, ao incluir Israel na lista de países terroristas, que mais chamou a atenção da opinião pública internacional. Para o professor Nildo Ouriques, do Instituto de Estudos Latino-Americanos (IELA) da Universidade Federal de Santa Catarina, as decisões do governo de Evo Morales não são supreendentes. “São países como a Bolívia, a Venezuela e o Equador, que sabem o peso da opressão dos Estados Unidos e das potências européias”, lembrando que os latino-americanos recuperaram recentemente o conceito de soberania, “fundamental para a política no cenário contemporâneo”, sublinha.

“Quando a Bolívia toma uma posição como essa, recuperam-se valores fundamentais na cena da diplomacia, como lucidez, compromisso, verdade. Revela também a cumplicidade da diplomacia europeia em relação aos Estados Unidos e a incapacidade da Europa de pensar um projeto cultural, político, econômico, militar, longe da estratégia norte-americana”, avalia.

"Anão diplomático"

Já o posicionamento do Brasil é ineficaz, avalia o professor. Há duas semanas, depois que o governo brasileiro convocou seu embaixador em Tel Aviv para consultas, o porta-voz do governo de Israel, Yigal Palmor, classificou o Brasil como "um anão diplomático". Em resposta ao comunicado do governo brasileiro que condenou o uso desproporcional da força por Israel na Faixa de Gaza, Palmor declarou que “desproporcional” era perder uma partida de futebol por 7 a 1, referindo-se ao encontro de Brasil e Alemanha pelas semifinais da Copa do Mundo.

“Na cena internacional, o Brasil ainda se manifesta de maneira tímida”, ressalta Ouriques, lembrando que nada mais foi feito depois da convocação do embaixador brasileiro em Israel. “Hoje o que se exige de uma diplomacia lúcida é o fim do terrorismo de Estado israelense. E para isso só existe uma alternativa: a ruptura de relações diplomáticas do Brasil com o governo de Israel”, sublinha.

Tecnologia militar

A coordenadora da Frente em Defesa do Povo Palestino, Soraya Misleh, ressalta que o Brasil é um dos cinco maiores importadores de tecnologia militar de Israel. Ela integra um movimento, liderado pela organização Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS) que pede o rompimento imediato das relações militares, comerciais e diplomáticas com o governo israelense. “A posição do Brasil em manter esses acordos com Israel vai contra o direito internacional”, salienta.

No dia 25 de julho, um manifesto com mais de 80 assinaturas da sociedade civil e ativistas políticos, protocolado no escritório da Presidência da República, pediu ao governo brasileiro medidas mais enérgicas em relação ao governo israelense. O movimento também exige a ruptura do tratado de Livre Comércio do Mercosul com Israel.

“A comunidade internacional tem uma grande responsabilidade em barrar esse genocídio que acontece na Faixa de Gaza. O que acontece lá neste momento é o resultado do silêncio das nações em relação ao conflito. E para que isso comece a ser resolvido é preciso isolar politicamente e economicamente o Estado de Israel”, acredita Soraya.

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