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Linha Direta

Ideal imperialista da Primeira Guerra Mundial ainda sobrevive

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Há cem anos, um assassinato político em Sarajevo, na Bósnia, se transformou em ações que acabariam culminando na Primeira Guerra Mundial, de 1914 a 1918. Os quatro anos de combates fizeram vinte milhões de mortos e trouxeram consequências enormes para o século XX. Vestígios físicos, como solos contaminados por gases tóxicos, e políticos, como o ideal imperialista, ainda persistem.

Ataque francês às posições alemãs em Champagne, na França, em 1917.
Ataque francês às posições alemãs em Champagne, na França, em 1917. Wikipédia
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Leticia Fonseca, correspondente da RFI Brasil em Bruxelas

A Primeira Guerra Mundial foi causada por diversos fatores. Era início do século XX, as grandes potências industriais tinham decidido adotar uma política expansionista para garantir o controle dos recursos e mercados da Ásia e África. A Alemanha e Itália estavam extremamente insatisfeitas com o que tinham conseguido abocanhar na partilha das colônias nesses continentes. A divisão havia privilegiado a Inglaterra e França. Por outro lado, existia uma rivalidade muito grande entre os franceses e alemães. Outro fator incontestável que certamente acelerou o processo da Primeira Guerra Mundial, foi a questão do nacionalismo, tanto na Alemanha quanto na região dos Balcãs, terra natal do assassino do herdeiro do trono do Império Austro-Húngaro, Francisco Ferdinando.

O jovem assassino de Ferdinando, Gavrilo Princip, era um nacionalista sérvio que sonhava com a grande unificação dos povos eslavos do sul. Ele fazia parte de um movimento radical que defendia a criação da Iugoslávia. Esta organização rejeitava os planos da Áustria, que pretendia ampliar sua influência na região.

O processo de expansão austríaco iniciou com a anexação da Bósnia-Herzegóvina, em 1908. O atentado que tirou a vida do arquiduque Francisco Ferdinando é considerado o estopim da Primeira Guerra Mundial porque desencadeou uma profunda crise diplomática na Europa. A Áustria declarou guerra à Sérvia e a Rússia, que era aliada dos sérvios, se mobilizou. A Alemanha declarou guerra à França, e em seguida, invadiu a Bélgica. Logo depois, a Grã-Bretanha declarou guerra à Alemanha.

Putin e o modelo imperialista

Ainda é possível encontrar corpos de soldados desconhecidos nas regiões onde havia trincheiras e campos de batalha na França e na Bélgica. Vale lembrar que a primeira vez que o mundo conheceu o poder devastador dos gases tóxicos foi no ataque alemão contra a cidade belga de Ypres. Quase cem anos depois, é possível achar vestígios desta contaminação química no solo e na água da região. A Primeira Guerra Mundial acabou com três impérios europeus. Um dos impérios derrotados, o russo, renasceu sob a forma da União Soviética. Em 1989, a queda do muro de Berlim completou esse processo de substituição dos impérios por Estados nacionais. Mas hoje, no Kremlin, a idéia de imperialismo é ainda muito dominante. Tanto assim que o líder da Rússia, Vladimir Putin, age nesse momento como se fosse para recriar um pedaço do antigo império russo. Ao conduzir a guerra da Ucrânia, através de mercenários e rebeldes, Putin deseja controlar mais territórios, mantendo assim o pesadelo da guerra vivo.

Cerimônias

Para lembrar o centenário da Primeira Guerra, a Europa é palco de uma série de eventos, exposições, palestras, e obviamente, cerimônias oficiais. Em todo o continente a data está sendo lembrada com minutos de silêncio, toques de sinos e cerimônias em memória dos soldados combatentes. A Primeira Guerra Mundial matou quase 6 milhões de soldados.

Só a França perdeu 1,7 milhão e a Grã-Bretanha, 1 milhão de militares. A comemoração do centenário da invasão das tropas alemãs na Bélgica, nesta segunda-feira (4), terá a participação dos presidentes francês e alemão, François Hollande e Joachim Gauck, entre outros dirigentes. Eles serão recebidos pelo rei Philippe, na cidade de Liège. Mais tarde, o príncipe William da Grã-Bretanha e sua esposa Kate Middleton assistirão à uma cerimônia no cemitério militar de Saint-Symphorien, em Mons, onde os soldados britânicos foram enterrados.

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