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Fato em Foco

Dunga é mau sinal para quem esperava mudanças no futebol brasileiro

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Dunga assumiu o comando técnico da Seleção nesta terça-feira, enterrando as esperanças de renovação, depois da vexatória eliminação na Copa do Mundo de 2014. A CBF (Confederação Brasileira de Futebol) foi rápida em descreditar o trabalho de Luiz Felipe Scolari e lançar sobre as costas do ex-técnico o peso da derrota em casa. Com isso, o foco da derrota limitou-se a aspectos táticos e técnicos e o futebol brasileiro novamente ignorou o problema endêmico que é a gestão da Confederação.

O treinador Dunga.
O treinador Dunga. Reuters
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Dunga, um técnico e jogador do passado, que se notabilizou pela defesa do futebol de resultado duro ("viril", como ele próprio gosta de dizer), volta para fazer mais do mesmo. "Eu acho que o Dunga foi convidado baseado naquela matéria que tinha na época da Ditadura: '(educação) moral e cívica'", dispara o diretor de jornalismo da ESPN Brasil, José Trajano. "É um ignorante, um grosso, um bronco (...). Ele não se conforma, e já declarou isso, como as pessoas elogiam tanto o time de 82 e falam mal de 94, ele não se conforma com isso. Ou seja, ele não se conforma de ver o futebol bem jogado".

Na opinião de Trajano, o que o futebol brasileiro precisa neste momento de crise, não é de resultados, mas de um resgate de sua cultura futebolística. Precisa se lembrar do porquê até dois meses atrás, o Brasil era chamado de país do futebol. Certamente não é por causa de Dunga, que ao levantar a taça do mundial de 1994, aproveitou para direcionar uma enxurrada de palavrões aos que duvidaram de sua capacidade de chegar lá. Ou seja: xingou o país inteiro.

Acabar com a CBF

A reestruturação do futebol do Brasil passa pela infraestrutura do esporte brasileiro. "O que resolveria era que a CBF fosse mais transparente, não dominasse o esporte brasileiro, que virasse um nada, que não existisse", sugere Trajano. "Mas tirar o poder da CBF, com os mecanismos que nós temos hoje, é uma coisa muito difícil. Agora, eu acho que se houvesse uma pressão maior da sociedade, de jogadores, ex-jogadores, dirigentes, imprensa, talvez a gente conseguisse encurralar essa gente e tomar mais o poder".

Parecia que era isso que ia começar a acontecer depois da Copa do Mundo, quando os pedidos por mudanças estruturais no futebol aumentaram de volume. Mas os manda-chuvas da Seleção, José Maria Marin e Marco Polo del Nero trataram de anunciar o novo técnico tão logo acabou a Copa. Então, "qual o assunto geral da nação? O Dunga!".

Para Trajano, no entanto, o alerta vermelho foi soado. Ele observa que a presidenta Dilma Rousseff já conversou representantes do Bom Senso FC, um movimento formado por jogadores e profissionais de diversas áreas ligadas ao esporte, para discutir que mudanças legislativas podem ser implementadas para melhorar as condições para atletas, torcedores, dirigentes... Ela também convocou presidentes dos clubes. "Ou seja, o governo está se movimentando mais. Talvez um dos principais legados desta Copa tenha sido provocar essa discussão imediata".
 

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