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Ciência e Tecnologia

Conselho Europeu de Pesquisas Nucleares completa 60 anos

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O CERN (Conselho Europeu de Pesquisas Nucleares), onde está instalado o acelerador de partículas LHC, completou 60 anos nesta terça-feira (1). Para lembrar a data, uma cerimônia foi organizada na sede da UNESCO, reunindo representantes da União Europeia e os cientistas que integram a instituição.

Laurence Rousselot, filha do diplomata francês François de Rose, um dos fundadores do CERN
Laurence Rousselot, filha do diplomata francês François de Rose, um dos fundadores do CERN Taíssa Stivanin/RFI Brasil
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Para muita gente, o CERN é apenas uma sigla misteriosa, mas foi graças à sua existência que hoje você pode ler essa reportagem na Internet. A rede mundial de computadores foi idealizada nos corredores do prédio em Meyrin, na Suíça, por um des seus cientistas, Tim Berners Lee, no final dos anos 80.

Outro exemplo é o experimento que comprovou a existência do famoso Bóson de Higgs, teorizado pelo físico Peter Higgs, realizado no acelerador de partículas LHC, instalado perto da sede do Conselho. A chamada partícula de Deus, que explicaria em parte a formação dos organismos na origem do universo, rendeu o prêmio Nobel em 2013 aos cientistas François Englert, 80 anos, e ao britânico Peter Higgs, 84 anos.

O CERN foi criado em 1954, menos de dez anos depois do fim da Segunda Guerra Mundial. Nesta data, 12 países europeus ratificaram a a convenção que criou o Conselho. Durante décadas, as experiências se sucederam e, em 2008, foi lançado o LHC, o maior acelerador de partículas do mundo. Trata-se de um túnel de 27 quilômetros de comprimento onde esses micro-elementos colidem a uma velocidade próxima da luz. Atualmente em manutenção, o LHC retomará suas atividades em 2015.

Transformar a energia da morte em energia de vida

O CERN é atualmente um espaço onde pesquisadores do mundo todo trabalham em novas descobertas que vão revolucionar a ciência. Estima-se que mais de 11 mil físicos de todo o planeta utilizem o laboratório de alguma forma em suas pesquisas. Um de seus fundadores foi o diplomata francês François de Rose, presidente do Conselho entre 1957 e 1960. Ele morreu aos 103 anos em março de 2014 e foi homenageado durante a cerimônia desta terça-feira.

"Nós crescemos com essa ideia do CERN. É verdade que o fato do meu pai não estar mais aqui é surpreendente para nós, de certa forma pensavámos que ele fosse imortal. Seu ideal sempre foi a Ciência a serviço da paz, a ciência a serviço da sociedade. Apesar do fim de sua vida ter sido difícil, porque ele não enxergava mais, toda vez que uma novidade a respeito do CERN era divulgada, era como se ele revivessse. Hoje sentimos muito sua falta", diz sua filha Laurence Rousselot.

Para ele, explica Laurence, a bomba atômica, que colocou um fim à Segunda Guerra Mundial, era uma oportunidade de transformar a "energia da morte em energia de vida e paz." Ela conta que, certa vez, o criador da bomba nuclear, Robert Oppenheimer, veio visitar seu pai e se disse preocupado com sua própria invenção.

"Meu pai estava convencido que essa arma mortal tinha instaurado a paz e que esse medo era necessário para que os homens entendessem que podemos desaparecer de um dia para outro".

Projetos para o futuro

Para o diretor de aceleradores e de tecnologia do CERN, Frédérick Bordry, o Conselho é, antes de tudo, "uma ideia brilhante." Segundo ele, "como toda ideia, ela não pertence somente àqueles que a tiveram, mas também a todos àqueles que querem acreditar nela, e mantê-la viva", diz.

Ele defende que, em tempos de euroceticismo, a Europa deve continuar unida para investir na ciência que traz resultados a longo prazo. "Vários projetos estão sendo analisados. Estou convencido que devemos investir no futuro. Isso não é um luxo, mas uma necessidade, se quisermos continuar nossa busca pelo conhecimento, se a Europa quiser continuar economicamente e intelectualmente atrativa."
 

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